quinta-feira, 22 de novembro de 2007

PERDER A CABEÇA

Caminho errado!!! Perde o vício e começa a: sentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentirsentir
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Nada a acrescentar ao inverso desta grande amiga, porque o seu inverso fala por si. Decidi também não produzir imagem alguma pra não intervir na experiência da imaginação, do sentido. Ademais, estaria contrariando o que de mais belo este inverso exorta.
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É pelo fato de te darem uma cabeça
que agora já não sentes o dia
Não enxergas a neblina
E age como se tivesse cabeça...
Ah se não tivesse
Passaria dias até tentar
distinguir uma forma da outra
Passaria horas tentando
cheirar
E anos tentando
Escutar
Mas você tem uma cabeça
E seu corpo já quer
tirá-la
Pois não vê a hora
de ser corpo
de novo.
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Naiara Anhasco
01/11/2007

terça-feira, 13 de novembro de 2007

INSERÇÕES EM CIRCUITOS IDEOLÓGICOS

Cildo Meireles: Coca-Cola
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Cildo Meireles: Cédula
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Isso sim é guerrilha cultural do mais encorpado teor crítico. Quando vi quase tive um pileque de alegria, ainda mais depois de ter assistido Edukators do diretor alemão Hans Weingartner (que uma garota linda me emprestou), filme que me deixou completamente pilhado e motivado com a estratégia do boicote, da desqualificação e do deboche deste sistema de merda, ja que ganhar a luta por hora tá difícil e precisamos resistir.
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Enfim, o que existe de tão genial a ponto de ter me deixado boquiaberto ao observar a intervenção artística de Cildo Meireles, artista plástico brasileiro, nascido em 1948 no Rio de Janeiro? O conjunto acima exposto é parte do trabalho "Inserções em Circuitos Ideológicos" e a sensibilidade do artista está em ter observado que tais suportes materias são parte de um circuito de circulação. Esse circuito, por sua vez, fora articulado pelo poder e pelo mesmo é usado para se manter como tal. A genialidade de Cildo pode ser constatada, então, não somente em causa da sensibilidade por ter localizado para imediatamente agregar a consciência tal circuito, mas sobretudo em se valer do mesmo para atacar o poder que o articulou.
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Outra coisa genial é que não "coisificou" o suporte de sua intervenção na categoria de arte como tradicionalmente conhecemos. O que quero dizer é que com a sua intervenção, que não descontextualiza o objeto sobre o qual trabalhou, o deslocando e aprisionando, por exemplo, em uma galeria de arte, Cildo resegnifica o conceito de arte. Ao considerar a variável da circulação e orientando a sua intervenção artística montado neste princípio, o efeito é o contrario da observação do restrito público frequentador das galerias. Sendo assim, ao se valer de um suporte que por essencia é circulante, Cildo massifica a informação que pretende transmitir com a série "Inserções em Circuitos Ideológicos". Sensibilidade genial!
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Deu pra sacar o lance do: BOICOTE, da DESQUALIFICAÇÃO e do DEBOCHE! Sem dúvida genial além de claro subversivo, dado que a série "Inserções em Circuitos Ideológicos" iniciou-se em 1970, período em que o Brasil estava de joelhos sob o ditadura do regime que era militar e escancarada. Os tempos mudaram é verdade, a nossa ditadura já é outra também, logo ainda continuamos de joelhos. De qualquer forma, essa série de Cildo é inspiradora, embora toda a sua obra possa ser apreciada por tal consideração.
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Infelizmente, das duas imagens aqui postas, uma não é nítida o suficiente para que se perceba o que nela está escrito. Enfim, na obra "Coca-Cola" o artista recolheu garrafas do refrigerante e antes de devolvê-las para circulação imprimiu nas mesmas: "YANKEES GO HOME". E me diga o que acha da intervenção em uma cédula de dinheiro: "QUEM MATOU HERZOG". O que deve ter rolado de milico com a úlcera atacada não foi brincadeira.
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Com as palavras do autor: "As "Inserções em circuitos ideológicos" nasceram com dois projetos: o projeto "Coca-Cola" e o projeto "Cédula". O trabalho começou com um texto que fiz em abril de 1970 e parte exatamente disso: 1) existem na sociedade deter­minados mecanismos de circulação (circuitos): 2) esses circuitos veiculam evidentemente a ideologia do produtor, mas ao mesmo tempo são passíveis de receber inserções na sua circulação: 3) e isso ocorre sempre que as pessoas as deflagrem.
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As "Inserções em circuitos ideológicos" surgiram também da constatação de duas práticas mais ou menos usuais. As correntes de santos (aquelas cartas que você recebe, copia e envia para as pessoas) e as garrafas de náufragos jogadas ao mar. Essas práticas trazem implícita a noção do meio circulante, noção que se cristaliza mais nitidamente no caso do papel-moeda e, metaforicamente, nas embalagens de retorno (as garrafas de bebidas, por exemplo).
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Do meu ponto de vista, o importante no projeto foi a introdução do conceito de 'circuito', isolando-o e fixando-o. E esse conceito que determina a carga dialética do trabalho, uma vez que parasita ria todo e qualquer esforço contido na essência mesma do processo (media). Quer dizer, a embalagem veicula sempre uma ideologia. Então, a idéia inicial era a constatação de 'circuito' (natural), que existe e sobre o qual é possível fazer um trabalho real. Na verdade, o caráter da 'inserção' nesse circuito seria sempre o de contra-informação."
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Cildo Meireles em depoimento de CM registrado na pesquisa Ondas do corpo, de Antônio Manuel, publicado no Livro "Cildo Meireles" pela FUNARTE em 1981*
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texto: AEK

CONSCIÊNCIA VIVA

Arte: JEfferson!
Inspirado num livro de Howard Fast