sexta-feira, 7 de março de 2008

57 MILHÕES DESVIADOS PARA CALÇADAS

Já há algum tempo é possível notar em toda a cidade, ou mais precisamente, em locais de grande circulação humana e de veículos, que não por acaso e em regra são grandes centros comerciais locais, que as calçadas da cidade São Paulo tornaram-se o principal alvo e projeto político da ação de desgoverno e investimento (desvio, para ser mais preciso) com dinheiro público da gestão Kassab (DEM/PSDB).
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Pomposamente chamada de Passeio Livre, o único projeto desta gestão, que ao que parece vem sendo implementado de forma efetiva e contundente [isto não é um elogio], consiste em destruir calçadas em bom estado para após o trabalho de homens e britadeiras reconstruí-las.
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Como vocês irão notar nas fotos que se seguem, cedidas gentilmente por um colaborador deste espaço, as calçadas do bairro da Vila Formosa, zona leste de São Paulo, são evidências despropositadas de um poder despropositado. A primeira foto é o estado em que o pedestre encontrava a calçada em 2005 e a segunda foto é o estado da calçada após a intervenção desta má digestão em 2007.
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Antes - 2006
depois - 2007
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Notem que a calçada está em ótimo estado e até duvido que não venham a se questionar qual estava melhor conservada. Mais que isso, constatarão que a mesma não necessitava de reforma alguma, mas ainda sim fora alvo da má-digestão. Outro dado interessante é que a primeira foto, de 2005, possui placas publicitárias que indicam, por sua vez, o nome da loja, dado que, neste ano ainda não tinha sido implementado o obscuro Projeto Cidade Limpa. A loja, que conta com o marketing da dupla sertaneja, ainda continua na Avenida Dr. Eduardo Cothing, é via de grande circulação humana e de veículos e também o centro comercial do bairro da Vila Formosa e regiões vizinhas.
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Ressalto isso, até com insistência, porque os locais de predileção dessa gestão Kassab (DEM/PSDB) são justamente estes espaços privilegiados, no sentido literal da palavra. Não só os empreendedores comerciais desta cidade têm sido presenteados com a destruição/construção de suas calçadas, como o governo municipal encontrou uma eficiente estratégia para se fixar nas consciências dos cidadãos desta cidade. Seguindo o principio fundamental do marketing, estas bem localizadas obras, com efeito, distantes da periferia, forjam nas consciências dos circulantes a impressão do "governo que faz". Essa cartilha do fazer o "público" é tão velha e encontra em Adhemar de Barros e Paulo Maluf os seus expoentes mais famosos. As "obras out-door" são práticas políticas reproduzidas também por essa má-digestão que pretende com o impacto e a espetacularização das mesmas fixar uma imagem positiva na cabeça dos eleitores de um governo empenhado e com compromisso com os seus cidadãos.
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Curiosamente com este movimento, o poder político define concomitantemente quais são os campos onde deve recair a sua ação, abrindo mão de outros. O que quero dizer aqui é que há um desvio de prioridade da intervenção do poder público, paralela a redefinição da dimensão de sua ação. Em outras palavras, saúde e educação não constam em sua agenda neoliberal, ao contrário, do que insistentemente afirma com o consentimento e o convite da mídia grande e podre que não só lhe tem simpatia como anda fazendo boca de urna. Para não restar dúvida, a má digestão Kassab (DEM/PSDB etc etc) não só abandona a educação e a saúde como define um alvo para intervenção do poder político, no caso, as calçadas, a Cidade Limpa.
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Enfim: Imagem e Espetáculo.
Este artigo surgiu em causa de uma impressão que vi constatada: tem dinheiro público sendo desviado para a destruição/construção das calçadas de privilegiados comerciantes e outros empregadores. Os 4 milhões de dinheiro público desviados para as calçadas dos empresários da Oscar Freire era apenas a ponta do iceberg. Vale uma nota antes de seguir com o texto: Consideramos desvio de dinheiro público toda e qualquer verba que tem como fim o financiamento da iniciativa privada. Enfim, eu vi na televisão a curiosa informação transmitida pelo senhor âncora do SP/TV, o qual, enfatizou com veemência que as calçadas são responsabilidade de seus proprietários, mas de forma empreendedora a gestão municipal de São Paulo vem tomando a iniciativa de tornar a cidade mais bela!!! Assim, o âncora não só nos disse nas entrelinhas que para os bacanas tudo pode, como excluiu a possibilidade de que nós da "ralé" venhamos a solicitar semelhante consideração por parte do poder público para com as nossas calçadas.

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Mas isto não fora tudo o que o âncora dissera: 57 MILHÕES FOI O QUE A GESTÃO KASSAB JÁ GASTOU COM A DESTRUIÇÃO/CONSTRUÇÃO DE CALÇADAS! Consideramos, isso desvio de verbas e de princípios e, que, por sua vez, serve nos como mais um indício de que este Estado tem de ruir para a felicidade de todos.
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Vale tomar nota de importante consideração feita por Jotabê Medeiros, onde no artigo Atalhos Administrativos, seção: Pássaro que come pedra 13:36:52, diz nos que:
“Em 2006, a empreiteira Engeform Construções e Comércio Ltda doou R$ 163 mil para a campanha de José Serra ao governo do Estado. Em 2007, a empreiteira Engeform era o único nome no envelope aberto pela Prefeitura de São Paulo, de Gilberto Kassab (vice-prefeito na campanha de 2004), para ‘reconstruir’ as calçadas da Avenida Paulista. Uma bolada de R$ 8,1 milhões. Espantoso: fazer calçadas se tornou algo tão especializado e sofisticado que uma única empresa no País conseguiu se habilitar para tanto. Três outras empreiteiras foram à Justiça contra o resultado, uma delas a Trix Engenharia, de Curitiba. Ontem, o prefeito Piu-Piu nomeou seu correligionário Rodrigo Garcia como novo Secretário Municipal de Desburocratização. Sua missão: facilitar os trâmites de projetos pelos meandros da administração pública. Curioso: já não há leis bastante claras a respeito de licitações e contratos públicos? O novo secretário, desempregado desde que perdeu a presidência da Assembléia Legislativa, ganhou uma sala junto ao Gabinete do Prefeito, e seis auxiliares.O amor (partidário) é mesmo lindo, não?”

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Sem mais.
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Carmesin

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