terça-feira, 30 de outubro de 2007

Quebrada Cultural



Uhuhuhuh...de + !!!

O espetáculo do Cordel na Av. Politécnica,transformou o meu domingão em pura energia ,transfiguração.
O dia estava ótimo, quente, mas não abafado, essa foi a quebrada cultural, realizada pelo Fórum de Cultura do Butantã em parceria com a prefeitura.
A Casa de Cultura do Butantã, fica na rua Junta Mizumoto,13 Jd. Peri-Peri. Para quem quer se envolver com a cultura e produzir cultura , passa lá ,se informe sobre as reuniões. Haverá uma reunião no dia 12 de nov.,segunda.
Esperamos mais realizações de eventos como esse.

Iniciou:
A prisão é sinistra, amarga e fria/ dum velório tem pouca diferença/ não conheço quem vá pedir licença/ pra entrar num portão duma cadeia/ só à noite, depois que a lua alteia/ aparecem sinais de claridade/ uma sombra distante ocupa a grade/ limitando a visão do indeciso/ u'a gota de pranto molha o riso/ quando o preso recebe a liberdade."

"Vou ,vou pregar na parede um pedaço de céu que você me mandou.Vou buscar outra constelação entre a noite que vaie o dia que vem."

Pulei ,cantei e gritei cada verso.

"Eu canto, aqui, eu olho daqui, eu ando. Aqui, eu vivo. Canto, aqui, eu grito. Aqui, eu sonho. Aqui, eu morro.Morrooooo!!"

"Perto de você.Dentro da tua história.Eu carrego as paisagens. E as miragens do além.Digo que quebro as telhas.Da nossa grande construção.Pra dormir na amplidão...
Eu sou um loucoo de deus.Eu sou um servo dos loucos de deus.No fundo dos olhos.Na alma do corpo.No fogo.Fogo"

Em volta eu olhava,olhava a procura.

"Vai nascer outro homem. Ouviram!!!Vai nascer outro homem.Outro homem.O seu nome é Stanley.Mais um filho da pedra dos gaviões."

No fim do show quase totalmente satisfeita,e passando a febre frenética dos batuques, me encontrei e a felicidade foi completa,nos aventurando em uma caminhada exaustiva. Muito bom!

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

RECLAMA, DECLAMA, AMA


Carlos. Acorda todo dia as 5 da manhã com um insuportável mal humor inclusive aos sábados e domingos em causa do teu corpo treinado a acordar cedo para trabalhar em demasia e chegar tarde em casa já quase no outro dia. Todo dia é a mesma merda. Mas Carlos sorve mais ar aos pulmões, abaixa a cabeça e segue assim humilhado. Decidiu mais um dia deixar pra amanhã acabar com a sua insatisfação. A vida é assim. Se deus quiser um dia melhora. Escolheu conviver!
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Edna. Acorda todo dia as 5 da manhã, mas só chega no trabalho depois de lutar contra o cotovelo de bem educados passageiros e contra a mão inquieta de filhos da puta que gostam de roçar o corpo da moça. Todo dia é a mesma merda. Mas Edna sorve mais ar aos pulmões, abaixa a cabeça e segue assim humilhada. Decidiu mais um dia deixar pra amanhã acabar com a sua insatisfação. A vida é assim. Se deus quiser um dia melhora. Escolheu conviver!
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Laura. Acorda as 5 da manhã. Após a guerra no ônibus, experiência a qual, passou sem ousar um "A" pra se defender chega as 8 no trampo depois de cruzar a cidade parada num insuportável trânsito da porta de casa até as grades do bico que faz. Chegou atrasada 10 minutos. O patrão a chamou de "Vaca, fila da puta", apertou-lhe os braços e disse que "da próxima vez coloca na rua que a fila lá fora tá cheia de gente quereno emprego". Chegou em casa atrasada e teve de dar satisfação a outro patrão, este sacramentado pelas trombetas sagradas (?) a dividir o mesmo teto com um cachaça até que a morte, da Ana, os separe. Levou um sacode e um tapa na cara em causa da agravante do apertão que lhe deixara marcas e que no texto do cachaceiro que hospeda e por vezes chama de marido chegou atrasada porque tava de putaria na rua. Deixou-se espancar em silêncio. Todo dia é a mesma merda. Mas Laura sorve mais ar aos pulmões, abaixa a cabeça e segue assim humilhada. Decidiu mais um dia deixar pra amanhã acabar com a sua insatisfação. A vida é assim. Se deus quiser um dia melhora. Escolheu conviver!
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Ana. Acorda as 5, vai de ônibus já tomou no cú segunda orientação de seu patrão. Trabalha numa barraca alugada no Centro da Cidade. Levanta uns troco pro grude e pro leite das criança. Tá que não aguenta a jornada, mas se segura ora correndo pruma esquina, ora pr'outra e neste vai e vem de cão que corre atrás de gato, de policia que usa capacete pra enganar a falta de cérebro, segundo interesse dos chefes do Estado: maldita classe patronal, que não paga imposto e alega o prejuízo causado pelo comércio informal, deu, Ana, azar. Os cabeça branca lhe roubaram a mercadoria pra alegria das crias que vão se entreter até a próxima apreensão com os últimos inventos tecnológicos da civilização chinesa. Levou um esporro do cretino do patrão. Seu pensamento colocou um "vá se fodê", mas morreu assim mesmo: pensamento. Todo dia é a mesma merda. Mas Ana sorve mais ar aos pulmões, abaixa a cabeça e segue assim: humilhada. Decidiu mais um dia deixar pra amanhã acabar com a sua insatisfação. A vida é assim. Se deus quiser um dia melhora. Escolheu conviver!
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João. Acordou as 5, tomou um pileque antes de entrar em contato com as massas no coletivo, viu um outro ali se esfregando numa garota duns 14, chegou atrasado no caralho do trabalho. Pensou que a escravidão ainda não tinha acabado. Não suspeitou dizer e inda ficou com sentimento de culpa pro caso de alguém ter ouvido o seu pensamento. Olhou pro lados e notou que estava todo mundo mais preocupado em se manter de pé e menos suado no roça roça dentro do ônibus que balança dum lado a outro té quase cair nego pela janela. Chegou atrasado. Mandaram-lhe tomar no cú, acatou, prestou reverências e saiu só no pensamento. Na saída da lida escrava coagiram: fizeram lhe lembrar da fome e da massa desempregada à porta da firma. Pensou um "Vá tomar no cú" mas saiu feito monge. Era dia de receber o salário. Travou 15 vezes na porta e já com o pinto de fora conseguiu entrar........ ENTRAR direto para o camburão por atentado ao pudor. Não recebeu a mixaria e ademais da sobra restaria menos ainda em causa da fiança que descobriu não seria paga, pois sua mulher deu conta no banco que o salário não tinha sido depositado e que a saudosa instituição o deixou deficitário em causa de uma dessas cobranças de nome complicado e que esporadicamente dão a aparecer num e noutro extrato. Amargaria essa noite no xadrez sobre as solas dos pés, porque no chão já abarrotado não cabia ninguém deitado. Todo dia é a mesma merda. Mas João sorve mais ar aos pulmões, abaixa a cabeça e segue assim: humilhado. Decidiu mais um dia deixar pra amanhã acabar com a sua insatisfação. A vida é assim. Se deus quiser um dia melhora. Escolheu conviver!
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Carlos, Edna, Laura, João já estam há 5 séculos na prisão.
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Alek

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

CANSEI DO CANSEI

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Taí um blog louquissíssimo sobre este pseudo-movimentinho golpista de direita.
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Um blog cheio de ironias que vai garantir ao mesmo tempo o sorriso, tal como, vai deixar uma imensa pulga atrás da orelha.
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CANSEI DO "CANSEI" II
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alek

terça-feira, 2 de outubro de 2007

VAI RUIR!

céu em pedaços: AEK
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Empilhados um sobre o outro geométricos cubos retangulares de concreto, caracterizam a paisagem da metrópole.
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A mesma violencia com a qual a pá de monstros metálicos revolve a crostra terrestre fuçando a matéria prima para sua obra, faz que uma erupção empilhada por monstros metálicos operados por homens assassine a referência identirária a todo momento. A sociedade da "modernidade" do cimento Votorantim, das construtoras e da especulação imobiliária apaga a memória com os recursos institucionais do Estado que é dona.
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É uma máquina que produz em série amnésia em massa. Quarteirões desabam. Mananciais são soterrados. Florestas inteiras são arrasadas. Um "homem" contemporâneo, mais que isso, sua cultura quer tocar um paraíso inventado, pela crença criativa do gênio humano, e destronar nas alturas e à altura o Deus que também inventou. E enquanto eu vou falando outro andar fora erguido.
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Como faraônica construção da modernidade a cidade segue o traço da sua verticalidade amparada em cortiços, favelas, esgoto, lixo, miséria. Essa mentira edifício mal sustentada pelas colunas de seus operários regime algum mantém a ordem.
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A força, o espancamento, a perseguição, o policiamento, o higienismo são as diversas linhas de um mesmo fio: a estratégia de contensão do poder. Essa paulada cotidiana gera essa amnésia consentida e o enfrentamento na contrapartida não surge sequer como possibilidade. Sem referência segue o homem sem a memória da ancestralidade da sua miséria. É como se não houvesse herança e assim o miserável é prisioneiro do presente. Não reconhece a miséria epidemica que adoecera seus pais e avós, porque sem a sua memória não existe problema.
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Sem a tradição desta memória perturbadora, preso ao presente, o miserável é domesticado, civilizado, apaziguado segundo o interesse do poder.
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Empilhados um sobre o outro geométricos cubos de concreto. As digitais dos seus operários nas paredes ainda nuas podem ser encontradas. Este grotesco, bizarro, manipulado quase como cerâmica, são os monumentos de nosso tempo e precisa ruir na precisão do martelo dos mesmos que recrutados pelos empreiteiros do capital o ergueram, realizando a idéia que nasce da negação vai ao julgamento de que tudo isto é desnecessário e se realiza na demolição de quarteirões edificados, na demolição dessa realização individual e concreta do poder.
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O edifício do discurso tem que ruir antes que um amado rosto conhecido desapareça.
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O sorriso não precisa da cidade.
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A troça: um primeiro passo.
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O segundo é achar o nosso sujeito que já sabemos está à margem da história.
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Alek