domingo, 19 de setembro de 2010

Preconceito Racial.

Programa gravado pela grande mídia, mas com cara de Canal K. Evidentemente, dentro de uma programação toda de direita há momentos de fôlego, para que, se ganhe prêmios e vista a imagem de comprometida com o social.
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A série toda é excelente, porque desmascara aquilo que nosso valioso elemento identitário fundamentado no mestiço, esconde. Só posto o link que trata do preconceito racial, por conta do texto que escrevi sobre o Jackson. Noutro momento, trarei para que faça parte de nosso Canal.
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sábado, 18 de setembro de 2010

Jackson do Pandeiro

"Costumo sempre dizer que o Gonzagão é o Pelé da música e o Jackson o Garrincha" - Alceu Valença.
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Há caras que nos fazem orgulhar da identidade que fora repassada a nós pelos nossos familiares e sociedade. To falando de Jackson do Pandeiro e não de mais um engravatado qualquer que quer pagar de humilde, falando que começou vendendo limão na feira e depois com o resultado do seu trabalho enriqueceu.
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Este sim, era Zé, diferentemente de outros burgueses que vem tentando propagandear falsamente uma origem humilde. Mas não vamos falar de vampiros. Vamos falar dos "santos com calos nas mãos" como bem disseram os pernambucanos filhos do mangue do fogo encantado.
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Zé Gomes dos Santos, nascido em Alagoa Grande, Paraíba, adotou o Jackson dado o conselho de um radialista que achava o nome mais sonoro. To be or no'to be, acabou 'fondo'. Pandeiro virou seu sobrenome. No país que só dá lugar para peladeiros e pra tudo que vem de fora, Jackson fez arte. Uma aspera jornada pela vida. Perdeu jovem o pai. Retirou-se como várias das pessoas que nascem em regiões onde as elites extrapolam os limiares da exploração.
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Resumir a vida em um conversa ou em alguns parágrafos é um assassinato. São muitas as coisas que desaparecem. Dentre elas o cotidiano da dor, que na dimensão do trauma é substituída pelos bons momentos.
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Legítimo, portador, do popular, Jackson, "negro" (vítima de uma cultura que usa o conceito erroneamente criado no século XIX pela mais absurda exploração do ser-humano por aqueles que erroneamente se intitulavam "civilizados") em um país que ainda hoje celebra as mais cruéis contra quem tem mais melanina na pele, misturou repente, forró, coco, samba, rojão, marchinhas, entre outros. A bem da verdade o que não fundiu de maneira impar? Ensinou, com a sua genialidade o Sul-Sudeste, arrogante por aquilo que acredita desenvolvimento, a ver o "Nordeste" do qual tanto tem um nauseante preconceito. O cosmopolitismo sem cara sendo arranhado pelo popular. Renascia a nossa identidade, pra esquecer aquilo que a elite projeta, tal como aqueles que não a são, alimentam. A vergonha e o sentimento de ser um vira-lata, inferior a tudo o que vem de fora.
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De tal forma, não por acaso, o nacional brasileiro pode ser entendido, sem que se tome a música e o futebol como elementos culturais de fundamental importância. Quem não se debruça sobre ambos não pode entender a nossa cultura.
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Antropofágico, Jackson, fez o tropicalismo, antes do emburguesado Caetanos Veloso, do ex-ministro Gilberto Gil e do esquecido pelo seu convicto "anarquismo" de Tom, enriquecido somente na sua criatividade, louco incompreendido e sobretudo, outro dos verdadeiros Zé's.
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Jackson morreu em 1982 aos 62 anos. Gravou mais de 400 composições. Deixou orfãos aqueles que lamentam pela consciência que do mesmo possuem. Os "cosmopolitas" do sul o esqueceram. A amnésia produzida em série nos traz a cada semana o "melhor disco de todos os tempos". Mais um novo produto de "supermarket" para a juventude do agora e a "kid envergonhada" das rugas.
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Crescemos a velocidade dos cavalos dos motores. Tudo passa rápido. Sinto que a minha sociedade "botou tanto lixo e tanta fumaça na consciência"... que ela "tá tá tá tá tá, com a consciência podre". Sem memória e sem passado, estão todos prontos para o irrefletido consumo do agora. Não há vínculo com o ontem e é óbvio que não há com o futuro.
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De tal forma, nada se repete na história, com excessão dos tiranos.
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Para o deleite de vossas memórias
Rádio K, apresenta:
Jackson do Pandeiro
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Fontes:
- Eu mesmo, meus amigos, educadores e leituras.
Cordel do Fogo Encantado - Foguete de Reis
Tom Zé - Botaram tanta fumaça
Titãs - (eca!!!) A melhor banda de todos os tempos.
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Leituras:
Roberto Schwarz - Ao vencedor as Batatas.
Sérgio Buarque de Holanda - Raízes do Brasil.
Hilário Franco Júnior - A dança dos Deuses.
Paulo Freire - Pedagogia do Oprimido.
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Pesquisar ainda
Flávio de Campos. (Não conheço mas escreve sobre futebol)
Nelson Rodrigues - À sombra das chuteiras imortais - crônicas de futebol
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Filmes
Sérgio Biachi
- Quanto vale ou é por Quilo?
- Cronicamente Inviável
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Links
http://www.jornaldocampus.usp.br/index.php/2010/06/futebol-diminuiu-o-complexo-de-vira-lata/
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http://www.revistasusp.sibi.usp.br/scielo.php?pid=S0103-99892008000200019&script=sci_arttext
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http://escritosaovento.blogspot.com/2007/07/complexo-de-vira-latas-o-verdadeiro.html

domingo, 12 de setembro de 2010

REFORMA AGRÁRIA JÁ!!!

Nós alimentamos o mundo

Está aberto o Canal K.
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No mesmo só haverá espaço para a contra-informação. Vamos iniciar a sessão com um documentário dos mais bem construídos e que trata sobre o domínio das grandes corporações multinacionais da área de alimentação de uma maneira impar.
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Vale cada minuto assistido. Infelizmente estas coisas não correm nos circuitos informativos. Aproveitem enquanto conseguem assistí-lo, dado que a internet cada vez mais está tornando se um espaço de restrições.
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Basicamente, saliento que na película tentem identificar a relação entre as grandes corporações e o pequeno produtor, embora seja um filme amplo e que trate de coisas muito mais amplas, como segurança alimentar, o real problema na fome no mundo, a farsa dos organismos genéticamente modificados, entre outros.
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Boa sessão. Recomendo mandioca frita com suco de maracujá. Todos orgânicos. ;)
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FICHA TÉCNICA
"We Feed the World"
(Austria, 2005, 96 min - Direção:Erwin Wagenhofer)
clique no link:
Nós alimentamos o mundo
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ou:

Nós Alimentamos o Mundo from Zaire on Vimeo.
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E agora geração?

A memória é como um armazém. Nela de tudo guardamos. Eventos. Mensagens. Feitos, dos grandes aos pequenos e mais uma infinitude de palavras a se enumerar.
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Fato é que em dada altura da vida escolhemos. Selecionamos e compomos. Elegemos. Montamos coleções.
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O pensamento é a origem do inteligível. Nada existe concretamente sem a linguagem. Tudo é palavra. As coisas sem nome só guardam o anonimato, por vezes, uma sensação. Até serem "descobertas", mesmo nunca tendo saído d'outro lugar.
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Impossível contar com quantas leituras, quantas conversas e apropriações eu montei o meu pensamento. Fato que dentre tantas, algumas se destacaram mais que outras. Estes estão sempre à mesa, esperando a próxima consulta. Outros guardo na estante para futura leitura. D'outros me disfaço.
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Curioso este movimento do pensamento. Sempre móvel e dilatando, quanto maior o calor que toma do atrito com o mundo. Simplesmente potencialmente tão vivo e com uma carga de morte proporcionalmente equiparável, ele está sempre se alimentando.
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Mas a passagem, o que o objetiva, o torna material e traz a vida, isto eu aprendi amando, com Marx e Hannah Arendt. Descobri que todo pensamento em potencial, fica inerte como uma larva encaixotada em seu casulo. Passar a uma nova condição pressupõe necessariamente o uso da ação.
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Sem ela nada materialmente, nada objetivamente existe. Tudo é abstrato.
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Precisamos romper casulos e colorir fotografias.
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Para dizer que não falei das flores
Muito claro e óbvio que o nosso país vivencia uma distinta época.
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É evidente o quão parte da sociedade está absurdamente avessa a mudanças. Verdade que a classe média nunca foi pontencialmente um setor transformador da sociedade.
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Possuindo acessível boa parte do acervo de consumo, nunca se deram a outra situação que não fosse a de conservar-se enquanto tais. Plausível.
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O que é de difícil entendimento é a recusa de mobilizar-se para sociabilizar aos setores mais miseráveis da sociedade estes mesmos bens. Ainda mais indigesta é a crueldade preconceituosa com a qual lidam com os mesmo setores populares.
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Alvos de piada em programas televisivos, tiras e crônicas de jornal tudo aquilo que se encontra em situação de vulnerabilidade na sociedade é ainda mais precarizada com a criação de uma cultura que só engendra ainda mais pré-conceitos.
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Fato é que a classe média não quer descer do carro. Vive em uma cidade onde são licenciados mais carros do que recém nascidos são registrados e não tardará para que conquistemos mais uma marca vergonhosa. Hoje 1 em cada 3 paulistanos assistem a vida passar pelo lado de fora da janela do seu automóvel.
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Sem dúvida além do cultivo do pré-conceito, outro elemento extremamente decisivo para a sua saliência, é o distanciamento que o modo de vida contemporâneo oferecido a sociedade e apropriado pela mesma, produz na sua relação com o outro.
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Distanciamento pretendido na mesma proporção dos automóveis licenciados. Difícil possuir um horizonte quando o cenário evidenciado é este:
fonte: http://helvioromero.wordpress.com/
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Pulmões sub-asfixiados. Pensamentos turvos e mal oxigenados.
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Há muito a se fazer para se criar outro cenário. Mas há dispostos se atraindo? Algum desejo de mudança? Tudo começa no pensamento, mas a transformação ainda não mora nele.
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Hoje os revolucionários de ontem vão ao shopping. Amargos se envergonham do passado. Poucos resistem. Os de hoje não existem nos circuitos que comumente se circulam, senão como consumidores de símbolos e trejeitos dos de ontem. Por vezes chove e tudo muda esporadicamente.
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Para o trânsito. Some a fumaça. Fora dos caminhos que se trilha, em ruas sem asfalto, em moradias sem colunas e tijolos, onde o saneamento passou longe, de 2 à 4 horas nos bairros lá do "centro", algo se cria, ao custo de vidas organizadas que lutam por aquilo que São Paulo colocou em segundo plano, mesmo nunca tendo sido plano de nenhum governo que tenha se elegido em nome do povo.
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Mas em São Paulo, bastam algumas horas para que o discurso anterior ao fenômeno se reconstrua. A mudança não predomina enquanto cultura e o senso comum diz que ela é tão "precipitada" e não grata quanto a chuva.
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Ao que parece o cenário tardará a mudar, dado que hoje é maior a preocupação em consumir do que mudar politicamente o país. Simplesmente uma situação criada pelo contexto e que possui o seu lado positivo. Também pudera, confirma esta tese os dados recentemente publicados pela FGV, de 2003 à 2009. Este aponta que cresceu o número de brasileiros que entraram para a chamada classe C (brasileiros que ganha de R$ 1126,00 reais à R$ 4854,oo) saindo da linha de pobreza, na mesma medida em que as classes D e E, diminuíram. Isto é ótimo. Resultado da pressão dos setores populares organizados da sociedade e de em conta disto de algumas opções políticas do governo federal.
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Pena mesmo é pensar que pela falta premeditada de políticas sérias de investimento em educação de base e superior, a elite que se forma no exclusivo sistema privado, se especializa na criação de uma sociedade de privilégios. De tal maneira que as disparidades só se acentuam, é fato que a mudança tão esperada tardará a vir, dado que, hoje é ato de somente uma minoria, enquanto pensamento no país, completamente a margem e desapropriada de todo bem.

VEJA quando educa produz cegueira intelectual

Estava buscando informações para fazer o meu molotov contra as eleições de outubro. Mínimo de exercício democrático que sobrara em nosso contemporâneo exercício do decidir quais os caminhos que as nossas próprias vidas irão seguir. Quando me deparei com o extremismo da ignorância anti-popular e cruel da direita, que há muito é extrema.
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A notícia não vale nem a pena postar. Um mal exemplo de como se faz uma crônica jornalística, de uma revista que se intitula: VEJA, mas que na verdade representa o gerenciamento da cegueira nacional, tal como compõe o arsenal do grande capital, nacional e multinacional, e da bancada ruralista, latifundiária e dona de mais da metade das terras nacionais, tal como da renda extremamente mal distribuída.
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Enfim, estava tentando achar matéria pra esquadrinhar candidatos, dentre eles, aquele que tenta pagar de povão, o "Zé" Serra, que nunca vai ser chamado por apelido algum, senão pelo seu formal sobrenome, mesmo embora carentão e invejoso, propagandeia que estudou em escola pública, em uma época em que ela só atendia de classe média a elite, mas hoje não coloca neto nem pagando em uma do gênero, só pra pagar de "homem do povo".
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Mais que isto quer colocar-se como sujeito que lutou contra a ditadura militar quando alinhou-se a UNE, no entanto, em seu governo dentre tantas ações descaradamente autoritárias, incentivou ações como, por exemplo, a entrada da tropa de choque no campus da USP, para uma reintegração truculenta, quando o que se queria era o diálogo. Detalhe que a policia militar não tinha adentrado a universidade desde a ditadura militar. (faça uma visitinha: http://www.arlesophia.com.br/?p=634)
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Por fim, como eu sempre digo, quem faz propaganda sempre mente, tentando convencer justamente daquilo que não se é, o "Zé" Serra, estudante de escola pública e militante da UNE, que passa longe de tudo que se pareça POVO. Confesso que gargalhei tanto quanto as "tiradas humorísticas" do Ti-titica quando ele, o "Zé" Serra, disse que era pobre e o seu pai possuía uma "banca" no CEASA. Deviam proibir estas coisas. Pode-se ganhar um infarto com isto.
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Poxa, como eu enrolo mais que bicho da seda. Mas é por aí que caminha a reflexão. Nós pensamos uma coisa e quando surge a oportunidade, falamos de umas milhares. Lá vai então o que achei com as minhas eternas pesquisas:
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ENQUETE DA REVISTA VEJA
abre aspas
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O filme sobre a vida de Lula já era. Nem a distribuição de ingressos está ajudando. Vamos ajudar esse filho do Brasil? Como fazer o filme bombar?

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* Combo Povo Popular: cada espectador terá direito a um kit com sanduíche de mortadela, tubaína e uma dose de 51; (Minha nota - Claramente a mulher e o homem da camada popular são esteriotipados de uma forma tão revoltantemente preconceituosa que a vontade era incendiar a editora abril)
* Sorteio de ingressos para visitar a sala onde começou a nascer o fim da heteronormatividade, conforme quer Vannuchi: a cela do Dops em que Lula e outros se acotovelavam com o “Menino do MEP”; (Minha nota - Vamos por partes: 1))) Heteronormatividade é o nome que se dá a cultura em que aceita como normal somente o padrão em que homens se relacionam como mulheres. O excerto é homofóbico, porque pretende diminuir o Lula, usando como base a sexualidade; 2))) Mais que isto mostra o autoritarismo da editora Abril, ao tratar como brincadeira um dos períodos mais expúrios de nossa contemporânea história. Quer instrução leia o livro "Brasil Nunca Mais!"; 3))) Bom, o tópico foi criado com base em uma notícia publicada no elitista e tucano jornal "Estadão" por César Benjamin. Como se não bastasse a notícia é produzida e disseminada de forma fraudulenta, sem pesquisa e investigação. O fato é desmentido por um dos principais adversários políticos do Lula na atualidade, no caso, o "Zé" Maria, na época companheiro de cela).
* Sorteio de uma carona num dos jatos da Presidência da República; o risco é ter de viajar com um dos “ronaldinhos” de Lula e seus amiguinhos;
* Exemplar autografado da autobiografia de Lula: “Nasci banguela e analfabeto, mas venci”; (Minha nota: Novamente, ironizando, debochando e ridicularizando das camadas populares).
* Distribuição de adesivos com a seguinte frase: “Depois do cara, fique com a coroa”. (Minha nota: Com certeza tentou fazer humor com base em trocadilhos. Só tentou. Não conseguiu, como era de se esperar de alguém tão limitado em termos de análises políticas. Mas há aqui também uma conotação sexual, tal como, o segundo tópico que fora produzido em pesquisa para a classe média de medíocre e mediano pensamento)
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fecha aspas
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Distintamente, da intelectualmente nanica mídia grande, eu cito a fonte:
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/
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Anti-popular, logo elitista. Homofóbica, logo quadrada. Autoritária e golpista, logo, anti-democrática:Imagem limpa. Sem conflitos. A editora Abril já elege o seu presidente, no caso, Serra.
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No próximo post uma palavrinha mais bem construída sobre o "Zé", tal como, sobre a Dilma.

domingo, 27 de junho de 2010

A larga margem da margem

Vida nas ruas é realidade para 13.666 em São Paulo
sex, 18/06/2010 - 15:54 — danilo
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Baixar.(7'00'' / 1,60 Mb) - Na cidade de São Paulo, o Censo da População de Rua referente ao ano de 2009, indicou que 6.587 pessoas moram integralmente nas ruas, principalmente nas regiões centrais da cidade. Quase metade dessa população não consegue atendimento na única política pública da prefeitura municipal para a questão: pouco mais de 7 mil vagas distribuídas em hotéis, repúblicas sociais, instituições conveniadas e albergues, para 13.666 pessoas em situação de rua da cidade.
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Conforme dados da Fundação Instituto de Pesquisa Econômica (Fipe), pelo menos 1.842 crianças e adolescentes vivem nas ruas da cidade. Em média, já estão nas ruas há três anos, a maioria entre 12 a 17 anos. 15% das crianças têm menos de seis anos.
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Para a socióloga Maria Antonieta da Costa Vieira, apesar da situação caótica, a indiferença reina na cidade.
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"Não é problema das ruas, é um problema da sociedade. Só que para determinados segmentos sociais – de baixa renda, com uma situação de desestruturação familiar – a rua passa a ser uma saída. A visão da sociedade é extremamente preconceituosa. As soluções apontadas são soluções higienistas, de ‘limpa, tira, coloca em uma instituição’.”
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Maria Antonieta da Costa Vieira e a economista Silvia Maria Schor são pesquisadoras da Fipe e participaram da coordenação do Censo de moradores de rua. No processo de pesquisa, observaram que não basta ter trabalho para manter o ser humano longe da penosa vida das ruas. Para Silvia Maria, a falta de proteção da família e o uso de drogas podem influenciar na mesma medida.
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“Você não sabe se a pessoa perdeu o emprego porque começou a beber ou começou a beber porque perdeu o emprego. Ou se a pessoa começou a se dar mal no trabalho porque a situação na família já estava difícil. Muito provável é um processo interativo e as mudanças vão acontecendo juntas.”
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De acordo com o Censo, a idade média dos que estão na rua é de 40 anos. Cerca de 65% é parda e negra e 93% sabe ler e escrever. 70% são oriundos do estado de São Paulo, de outros estados do Brasil, e até mesmo do exterior. O restante são moradores da própria cidade.
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Morar na rua tem um custo mínimo para a manutenção da vida: comida, remédios, cigarros. Segundo as pesquisadoras, poucos são os que vivem somente de esmolas. Ainda de acordo com Silvia Maria Schor, quase 70% trabalha catando latinha, desabastecendo caixas no Ceasa, fazendo bico de segurança. Em média, ganham R$ 19 por dia, renda insuficiente para sair das ruas.
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“A degradação física vai progredindo e cada vez menos os moradores de rua têm chances de ocupação ou mais regular ou menos informal. Um jovem que fica na rua por muito tempo, para se reintegrar na sociedade novamente, fica muito difícil. As pessoas perdem a noção de tempo cronológico. Não sabem o dia da semana ou quanto tempo estão na rua. O futuro pra eles é o que estão vivendo naquele momento.”
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Violência e droga
De acordo com o coordenador da Rede Rua, Alderón Pereira, a organização recebe frequentemente denúncias de violência cometidas contra os moradores de rua. A maior parte da violência é cometida por integrantes da Polícia Militar e agentes de segurança.
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“A população de rua sofre muita violência. Nós sabemos de casos que a Polícia bateu e quebrou a perna de fulano, que atirou. Os jatos de água são bem comuns. Tem uma política da prefeitura de higienização, de limpeza da cidade, de esconder essa realidade.”
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45% dos moradores de rua entrevistados já se meterem em briga com espancamento e luta corporal. 27% já foi roubado. 14% já recebeu facada, tiro ou paulada. A experiência com crack é maior entre jovens de 18 a 30 anos de idade. Droga e violência são condições impostas para enfrentar a difícil vida nas ruas.
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Resposta do governo é pífia
Segundo Silvia, a situação de São Paulo não é muito diferente das principais capitais mundiais, como Nova Iorque (EUA), Tóquio (Japão) e Paris (França). Na Europa, até mesmo um observatório foi criado para monitorar o aumento da população nas ruas do continente. A crise econômica mundial agravou ainda mais a situação pelo mundo, e também em São Paulo, com parte da população jogada no desemprego.
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De acordo com Alderón, a escassez de vagas em albergues dificulta ainda mais a vida de quem procura por esse serviço. Para pernoitar as frias madrugadas da capital paulista, uma pessoa pode passar até uma hora na fila e não encontrar vagas.
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“A lei da população de rua da cidade de São Paulo estabelece que no máximo deveriam ter cem pessoas por abrigo. Hoje nós temos abrigos com 1.2 mil pessoas, outros com 250, 150. A realidade da lei ainda está longe de ser atingida.”
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Segundo Alderón, apesar de ter melhorado a qualidade dos equipamentos e condições, os albergues continuam sendo serviços terceirizados pela prefeitura, que firma convênios com instituições sociais.
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“A política de moradia tem que estar ligada à política de saúde, habitação. O que funciona em São Paulo é a assistência social, ou seja, a política de emergência social.”
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Para Maria Antonieta, morador de rua não é apenas um problema da assistência social.
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“O morador de rua tem problema de saúde, de trabalho, de habitação, ou seja, é necessária uma abordagem intersecretarial que possa atacar esse problema. Não é só arranjando um albergue.”
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Sem propostas do governo nesse sentido pela frente, a vida deve continuar difícil nas ruas de São Paulo. A violência continuará e pode aumentar com o crescimento do repúdio dos demais moradores da cidade. Um novo projeto de ouvidoria comunitária que funciona no Brás, todas as quintas-feiras, pretende sistematizar e mapear as denúncias de violência contra os moradores de rua. Os dados devem dar a noção da gravidade e da quantidade de violação dos direitos dessa população.
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De São Paulo, da Radioagência NP, Aline Scarso.
18/06/10
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fonte: radioagência np

sexta-feira, 28 de maio de 2010

NA RE-ATIVA!!!!!!!!

Após longo silêncio esta voz voltará a ressoar. Todo distanciamento é necessário. É no silêncio que vem o almejado encontro e estou aprendendo a falar. Nenhum caminho é corrido sem que seja caminhado passo à passo tateando o chão. Não há manual para isto, somente uma necessidade de andar mais lentamente que a paisagem que passa veloz do lado de fora da janela dos automotores.
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É hora de descer novamente. Encher os pulmões de ar e deixar a energia alimentar o corpo. Caminhar e puxar a vida pelas mãos. Vivenciar o olhar amigo. O tempo de um sorriso. Doer com a dor do outro.
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Alek

sábado, 17 de abril de 2010

A cidade

Novas formas de ver a cidade.
O trabalho desse pessoal é muito bacana. Assistam!!!
Há espaço na cidade para a poesia, uma nova forma de ocupação.

Documentário "Poro: intervenções urbanas e ações efêmeras"http://vimeo.com/8725870#embed

O Poro é uma dupla de artistas formada por Brígida Campbell e Marcelo Terça-Nada!
http://poro.redezero.org/azulejos/