domingo, 12 de setembro de 2010

E agora geração?

A memória é como um armazém. Nela de tudo guardamos. Eventos. Mensagens. Feitos, dos grandes aos pequenos e mais uma infinitude de palavras a se enumerar.
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Fato é que em dada altura da vida escolhemos. Selecionamos e compomos. Elegemos. Montamos coleções.
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O pensamento é a origem do inteligível. Nada existe concretamente sem a linguagem. Tudo é palavra. As coisas sem nome só guardam o anonimato, por vezes, uma sensação. Até serem "descobertas", mesmo nunca tendo saído d'outro lugar.
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Impossível contar com quantas leituras, quantas conversas e apropriações eu montei o meu pensamento. Fato que dentre tantas, algumas se destacaram mais que outras. Estes estão sempre à mesa, esperando a próxima consulta. Outros guardo na estante para futura leitura. D'outros me disfaço.
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Curioso este movimento do pensamento. Sempre móvel e dilatando, quanto maior o calor que toma do atrito com o mundo. Simplesmente potencialmente tão vivo e com uma carga de morte proporcionalmente equiparável, ele está sempre se alimentando.
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Mas a passagem, o que o objetiva, o torna material e traz a vida, isto eu aprendi amando, com Marx e Hannah Arendt. Descobri que todo pensamento em potencial, fica inerte como uma larva encaixotada em seu casulo. Passar a uma nova condição pressupõe necessariamente o uso da ação.
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Sem ela nada materialmente, nada objetivamente existe. Tudo é abstrato.
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Precisamos romper casulos e colorir fotografias.
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Para dizer que não falei das flores
Muito claro e óbvio que o nosso país vivencia uma distinta época.
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É evidente o quão parte da sociedade está absurdamente avessa a mudanças. Verdade que a classe média nunca foi pontencialmente um setor transformador da sociedade.
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Possuindo acessível boa parte do acervo de consumo, nunca se deram a outra situação que não fosse a de conservar-se enquanto tais. Plausível.
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O que é de difícil entendimento é a recusa de mobilizar-se para sociabilizar aos setores mais miseráveis da sociedade estes mesmos bens. Ainda mais indigesta é a crueldade preconceituosa com a qual lidam com os mesmo setores populares.
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Alvos de piada em programas televisivos, tiras e crônicas de jornal tudo aquilo que se encontra em situação de vulnerabilidade na sociedade é ainda mais precarizada com a criação de uma cultura que só engendra ainda mais pré-conceitos.
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Fato é que a classe média não quer descer do carro. Vive em uma cidade onde são licenciados mais carros do que recém nascidos são registrados e não tardará para que conquistemos mais uma marca vergonhosa. Hoje 1 em cada 3 paulistanos assistem a vida passar pelo lado de fora da janela do seu automóvel.
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Sem dúvida além do cultivo do pré-conceito, outro elemento extremamente decisivo para a sua saliência, é o distanciamento que o modo de vida contemporâneo oferecido a sociedade e apropriado pela mesma, produz na sua relação com o outro.
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Distanciamento pretendido na mesma proporção dos automóveis licenciados. Difícil possuir um horizonte quando o cenário evidenciado é este:
fonte: http://helvioromero.wordpress.com/
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Pulmões sub-asfixiados. Pensamentos turvos e mal oxigenados.
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Há muito a se fazer para se criar outro cenário. Mas há dispostos se atraindo? Algum desejo de mudança? Tudo começa no pensamento, mas a transformação ainda não mora nele.
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Hoje os revolucionários de ontem vão ao shopping. Amargos se envergonham do passado. Poucos resistem. Os de hoje não existem nos circuitos que comumente se circulam, senão como consumidores de símbolos e trejeitos dos de ontem. Por vezes chove e tudo muda esporadicamente.
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Para o trânsito. Some a fumaça. Fora dos caminhos que se trilha, em ruas sem asfalto, em moradias sem colunas e tijolos, onde o saneamento passou longe, de 2 à 4 horas nos bairros lá do "centro", algo se cria, ao custo de vidas organizadas que lutam por aquilo que São Paulo colocou em segundo plano, mesmo nunca tendo sido plano de nenhum governo que tenha se elegido em nome do povo.
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Mas em São Paulo, bastam algumas horas para que o discurso anterior ao fenômeno se reconstrua. A mudança não predomina enquanto cultura e o senso comum diz que ela é tão "precipitada" e não grata quanto a chuva.
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Ao que parece o cenário tardará a mudar, dado que hoje é maior a preocupação em consumir do que mudar politicamente o país. Simplesmente uma situação criada pelo contexto e que possui o seu lado positivo. Também pudera, confirma esta tese os dados recentemente publicados pela FGV, de 2003 à 2009. Este aponta que cresceu o número de brasileiros que entraram para a chamada classe C (brasileiros que ganha de R$ 1126,00 reais à R$ 4854,oo) saindo da linha de pobreza, na mesma medida em que as classes D e E, diminuíram. Isto é ótimo. Resultado da pressão dos setores populares organizados da sociedade e de em conta disto de algumas opções políticas do governo federal.
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Pena mesmo é pensar que pela falta premeditada de políticas sérias de investimento em educação de base e superior, a elite que se forma no exclusivo sistema privado, se especializa na criação de uma sociedade de privilégios. De tal maneira que as disparidades só se acentuam, é fato que a mudança tão esperada tardará a vir, dado que, hoje é ato de somente uma minoria, enquanto pensamento no país, completamente a margem e desapropriada de todo bem.

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