quinta-feira, 31 de julho de 2008

Instalação

Instalação de arte na praça da Sé, centro da cidade de São Paulo, a mais rica e moderna da América Latina. Eldorado dos senhores de engenho, que preservam o mesmo trato com os subalternos acorrentados e hoje só diversificaram a atividade. Não recrutam somente para o plantio da cana. Escravizam engarrafanado Coca-Cola. Em outras palavras, fomos transformados sem consentimento e com os quilos de medo que há tempos constrói a tradição, em mão-de-obra e escrava, não só mais para o deleite de algozes nacionais como também dos internacionais.
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Me pergunto: Para que tantos edifícios, tantos carros, celulares, MP4's, televisores de 40 polegadas com um centímetro de largura que podem ser pendurados como quadros? De que serve a Revolução ou a inclusão se ela é digital e tecnológica e pra quem pode pagar? Tanta modernidade, tanta civilização e não consegiu-se, não quer-se acabar com a fome, porque isso não dá lucro. Televisão e fome. Esta oposição não me parece banal, mas poderia ser composta de tantos outros substantivos.
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Lar amargo lar de tantos sujeitos apagados pelo desprezo generalizado. Quarto arejado de muitos convidados, até os indesejados. Não vou falar da rua, a-moradia de tanta gente nua de direitos, à margem da própria história. Vou deixar que a imagem acima apresente e desconstrua mitos, a modernidade e todos os outros quilates que ornam os seus pilares. Vou convidar ao olhar e ao pensamento. Nada mais. E digo que não precisamos do improbabilidade do impossível, o óbvio já nos é suficientemente revolucionário.
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Renuncio a tudo que não seja denúncia!
Alek Sander de Carvalho

domingo, 27 de julho de 2008

Falta de respeito com os pedestres paulistanos

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Na metrópole onde o título de cidadania é a carta de motorista, vamos nos reter mais um momento sobre o que andam fazendo com você, que só tem a sola do sapato e disposição pra te levar para algum canto. As fotos foram tirados avenida Eduardo Cothing no Bairro da Vila Formosa, zona leste de São Paulo. E representa, a exemplo do post anterior, outra destruição da via pública para conseguinte reforma.
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A.S.C.

sábado, 26 de julho de 2008

Falta de respeito com os pedestres paulistanos

Em São Paulo, pedestre não tem vez.




Pedestres sem opção ficam no meio do pó e sujeira por causa das reformas nas calçadas (próximo à estação Madalena).

Site interessante: Associação Brasileira de Pedestres http://www.pedestre.org.br/

O Direito de ir e vir.

domingo, 20 de julho de 2008

Mas por esse país gente de orgulho e coragem passou

Mas por esse país gente de orgulho e coragem passou,
Lutou e não deixou o povo brasileiro esmorecer.
Até o fim falou mais alto, sem titubear, firme naquilo que acreditava ser certo.
Aqui seus herdeiros de mesma coragem, alegria e honestidade persistem na luta.

Liberdade
Não ficarei tão só no campo da arte,
e, ânimo firme, sobranceiro e forte,
tudo farei por ti para exaltar-te,
serenamente, alheio à própria sorte.
Para que eu possa um dia contemplar-te
dominadora, em férvido transporte,
direi que és bela e pura em toda parte,
por maior risco em que essa audácia importe.
Queira-te eu tanto, e de tal modo em suma,
que não exista força humana algumaque esta paixão embriagadora dome.
E que eu por ti, se torturado for,
possa feliz, indiferente à dor,morrer sorrindo a murmurar teu nome"

Carlos Marighella


E nenhum juiz sem caráter, como esse Gilmar Mendes, pois quem solta ladrão ou é ladrão/comparsa ou tem o “rabo preso”, vai desanimar nossos esforços para construirmos um país mais justo, correto e de leis que não acobertem essa porcalhada do alto escalão.

É preciso não ter medo, é preciso ter a coragem de dizer.

domingo, 13 de julho de 2008

Baixio das besta – protagonizado no STF pelo presidente Gilmar Mendes

Gilmar Mendes solta os companheiros: o banqueiro Daniel Dantas, o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta e o megainvestidor Naji Nahas, entre outros, alegando que o ordenamento jurídico brasileiro não permitiria a prisão apenas para a tomada de depoimentos.




Ou seja, aqui no Brasil só fica preso mesmo o pobre, preto e todos aqueles que não têm como pagar um advogado.

Gilmar Mendes defensor dos corruptos, ladrões e dessa estrutura que corrói a sociedade brasileira, alimenta a miséria e a podridão no meio político e econômico desse país que não tem mais moral e nem dignidade.

OS PORCOS LIBERADOS: 1- Roberto Sande Caldeira Bastos 2- Miguel Jurno Neto 3- Celso Roberto Pitta do Nascimento 4- Carmine Enrique 5- Carmine Enrique Filho 6- Antonio Moreira Dias Filho 7- Maria do Carmo Antunes Jannini 8- Naji Robert Nahas 9- Fernando Naji Nahas 10- Marco Ernest Matalon 11- Lúcio Funaro

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Estão acabando com o Centro Cultural

Centro Cultural São Paulo, ou simplesmente Vergueiro para os mais íntimos. Este lugar tem algo de muito interessante. É um dos meus espaços prediletos na cidade e sem dúvida de mais um tanto de pessoas, jogadores de RPG, arquitetos da revolução, estudantes pilhados com o vestibular, moradores de rua, tocadores de violão, casais namoradeiros, poetas insanos. Enfim, é lá o lugar de todo tipo de gente. Um dos poucos de São Paulo que dá pra sentar e puxar uma conversa sem ter de pagar a entrada ou consumir algo. Alguns espetáculo seguem esta lógica. O gratuito que não é de graça. Em outras palavras, em alguns, mas só em alguns espetáculos não se paga duas vezes.
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Amo a sua arquitetura. Privilegia muito a entrada de luz natural e tenta uma espécie de síntese conjugando Natureza com aço e concreto. O resultado é uma sensação de acolhimento e os jardins contribuem muito para este efeito, que, por sua vez, não pode ser notada no seu entorno. Estão lá no meio do concreto nos locais mais improváveis, afinal ninguém espera encontrar um jardim após subir escadas ou mesmo na área de entrada para a biblioteca quebrando a luz de um vão entre duas alas.
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Mas já há um tempo vem sendo impossível ir ao CCSP sem que o incômodo anteceda o prazer que se tem pelo espaço. Antigamente tínhamos só o espaço do Graffite, como grande incômodo, espaço privado dentro do espaço público, denotando algo de muito errado. E o restaurante que denotava isso em pouco tempo viria a botar as asinhas pra fora e aos poucos fora extiguindo as mesas dos estudantes, que sem saída acabaram por se socorrer na armadilha de sentarem-se nas mesas do restaurante alienígena. Os caçadores se irritaram quando começaram a notar que os estudantes, ao invés de consumirem, estavam procurando as mesas para estender livros, estudar ou conversar, sabe, todas essas coisas que se deve fazer em um espaço público? Os argutos, então, colocaram a condição de que a permanência de estudantes ali só se justificaria se esses consumissem algo no restaurante. Absurdo.
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Mas isto, é claro, não é tudo. Ao show de horrores dá pra somar espetáculos de teatro dentro da biblioteca, no mais claro intuito de perturbar para se mostrar que algo está sendo feito. Espetáculo e nada além disso, artimanhas tão usuais no repertório de má-digestões políticas, como a do Serra (PSDB) ou Kassab(DEM;PFL) que enxergam cultura como negócio a ser gerenciado pela privado. Nas gestão destes gênios da raça, vale lembrar da reforma do piso do CCSP. Na mesma lógica das reformas das calçadas, destruiu-se o que encontrava se em perfeito estado. No caso do piso do CCSP, aquelas pastilhas durariam uns 2000 anos como os mosaicos romanos. Mas, não achavam o mesmo nossos mal-gestores. Arrebentaram com tudo e depois passaram uma mão de massa. Teve gente que adorou. Eu abominei a biblioteca fechada e a destruição/reforma de um piso que não precisava de tal obra.
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Enfim, como é de costume da elite política deste país, ouvir a massa é algo fora de cogitação. Não só fizeram o piso, como semanas depois alugaram o espaço para a realização e exploração do público pelo interesse privado. Realizaria-se ali uma feira de livro. A Biblioteca Pública incentivando a mercantilização da cultura. É de dar naúseas, não! Enfim, o saldo pós-feira foi que ao arrastarem-se móveis para servirem de suporte a mercantilização, arrebentaram com o piso.
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O resultado não seria outro senão a penalização do público novamente. Responsabilizou-se a empresa por péssima prestação de serviço, mas a partir daí nada se soube do que foi feito, senão que ficaríamos por mais uns longos meses sem a nossa biblioteca que o poder público-privado não acredita ser tão nossa. De uma forma ou de outra naquela altura ficava clara que não só a reforma fora ridícula, como fora mal feita e ainda era patético o aluguel do espaço público para exploração do interesse privado. Pior que isso, não dava pra ter horizontes otimistas. Depois disso caiu um balão no teto, foi o que disseram. Pegou fogo e os bombeiros tiveram de jogar água, que escorreu nos livros, nos discos, arquivos, filmes, entre outros. São meses para reformar o teto que tá do jeito que vocês estão vendo na foto. Que alegria.
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Maior ainda foi quando estufaram e bateram no peito: “Temos que mostrar serviço!”. Fizeram merda como já era de se esperar. Mudaram tudo de lugar, como se isso precisasse ser feito. A Biblioteca Braile ficou desativada por um longo tempo e deslocada de lugar deixou de ajudar os deficientes visuais com o elevador que estava ali somente para servi-los. Agora tem de usar seu tato para descerem escadas, pois ao que parece o elevador vai servir aos chefões, já que o administrativo instalou-se no local. Ahhh e a Gibiteca Henfil que depois de anos em frente a Biblioteca Braile também mudou de endereço.
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Realmente muito triste. Ir ao CCSP tem trazido encontros amargos. Estão mudando tudo sem necessidade alguma. Nessas situações a memória é desperta, pois algo está apagando muito rápido, como os quarteirões de alguns bairros jogados na arena para o deleite dos especuladores imobiliários. Hoje até os jardins correm risco com estes ridículos serviços de poda que assassinam, isso sim, árvores pela cidade, pois, estes terceirizados, recebem pela quantidade de serviço prestado, trocando em miúdos, de galho quebrado. E assim como vem reconstruindo a calçada de empresários depois de destruí-las, evidentemente, nosso mal-digestor do PFL/DEM quer deixar no CCSP a marca de “Kassab esteve aqui!”, para infelicidade de todos nós.

Renuncio a tudo que não seja denúncia!

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O cenário é cartão-postal. Mas no quadrado que cabe no bolso a imagem é higienizada. Limpa. Sem conflitos. Harmônica. O discurso do moderno, do progresso, do aço e do concreto em seu mais perfeito e impossível estado.
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Avenida Paulista. Onde só o poder fala, não é de se espantar que tenha eleito para prestar homenagem a uma avenida. Asfalto onde não cresce vida, metáfora da metrópole, em toda sua esterilidade. Por sobre a lama negra solidificada correm carros e seus cidadãos motorizados. A paisagem que passa em alta velocidade não se apreende. O homem moderno teme tudo aquilo que esta no quadrado de fora da janela. Por isso se protege em torres de andares privativos empilhados uns sobre os outros e veste a armadura automóvel. Não quer pisar o chão.
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O povo miserável, negro segunda cultura discriminante, índio segunda cultura generalizante, entre outras minorias que são maioria, não fazem parte da história nem têm título de cidadania, pois mal conseguem se alimentar. Estão fora da via e sob o sereno. Comprar o título de nobreza, segundo as regras do jogo, passaporte de ingresso no estado mínimo de direito reservado, somente àqueles que conseguem atingir o estado de consumidores, está fora de cogitação? Carta de motorista, atestado que condiciona a cidadania em um Estado que funciona para realizar estrategicamente os anseios da elite econômica, ahhhh isso nem pensar!
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Avenida Paulista. Cartão-postal. Metáfora da metrópole e de um poder público tomado pelo interesse privado que gasta 230 milhões para contruir uma ponte que atravessa um rio que não deve ter 30 de diametro e não constrói casas populares para cidadãos sem teto. É um horror de concreto, arranha-céus e automotores. Centro econômico da América Latina, como vive sempre se gabando. Olhar arrogante que não enxerga os arrasados do sistema, aqueles que estão nos escombros e comem do lixo. Cena que não raras vezes se presenceia não só no centro como em outros cantos desta cidade. Aliás é essa a lógica que dá o tom na metrópole. Gente de carne e osso valendo menos que um auto de aço.
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Sem mais
Autoria: Co-autoria.