sábado, 20 de setembro de 2008

Narrativas iconográficas

Foto: Cuducos - alguns direitos reservados; fonte: http://panoptico.wordpress.com/
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A imagem acima foi retirada de um daqueles espaços muito foda que se encontra pela net depois de muita garimpagem. Recomendo uma visita ao Panótpico.
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Carmesin

Yeda Nazi

Yeda "Nazi" Crusius. Prestem atenção neste rosto e mais que isto em seus atos.
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Mais uma da Yeda "Nazi" Crusius
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O sítio da Brasil de Fato publicou esta semana inquestionáveis provas sobre o óbvio dos já tão habituais métodos de tratamento que a facista polícia gaúcha à mando da nazi, embora não se precisasse de tanto, vem dispendendo para com os movimentos sociais. Claro que tudo é feito sob a égide da justiça na coleira dos ruralistas e multinacionais como Stora Enso, Monsanto, Bayer, Bunge entre outros negócios de senhores de engenho que há muito vêm colocando em operação suas táticas para sequestro do político.
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Agora ao que parece estão ansiosos para reeditar o golpe militar de 1964 que massacrou, torturou, desapareceu com milhares de pessoas, tivessem esses algum envolvimento político ou a maltratada fisionomia modelada pela fome. Para tanto, já reeditaram a polícia política. Tiveram a tácita autorização do coiso, Gilmar Mendes, e sua gangue, que também criminalizou em discurso de posse as ações dos movimentos sociais.
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Cabe uma questão: Assisteremos, assim como outrora, pelo tubo da televisão financiada pelo marketing de senhores de engenho, tudo isso acontecer novamente?
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Nazistas paulistas e paulistanos
Antes de encerrar cabe um dado interessante a respeito do tema levantado. Já há coisa de algum tempo estou com companheiros trabalhando junto a movimentos que lutam por uma moradia, coisa simples e banal, que o poder público que supostamente nos representa, não dá a mínima. Claro que isso dá-se porque o poder político na metrópole dos arranha céus não é feito por outras pessoas, senão por especuladores imobiliários e megas empreiteiras. Isso, deve notar-se, não só explica a absurda paisagem que se ergue diariamente em espantosa velocidade sobre nossas cabeças, como sobretudo, os milhares de famintos que se acumulam sob as suas bases. Falo dos milhões de sem-teto e pessoas que vivem em condições de moradia das mais insalubres, gerenciados por este grande negócio que é produzir fome e humilhações das mais diversas. Política mais contundente, quando é incorporada a pauta política de Estado sequestrados pelo econômico interessado somente na mais valia e no desemprego necessário, para suas altas margens de lucro.
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Enfim, falo falo e não chego ao ponto. Vamos lá então. Após a recusa da prefeitura em ceder um terreno, cujo dono tinha pedências judiciais em torno de quase um milhão com o credor poder municipal, à moradores sem-teto ou massacrados por aluguéis que competiam com o sustento de casa, em mais um clássico movimento de coleguismo, negaram a população reivindicante: moradia. Ao contrário, fizeram o de sempre o avesso. Deram as costas ao povo, mas não sem antes a humilhação de pancadas e ameaças de despejo.
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Lembro-me claramente de um acontecido em uma dessas cenas. Em vígilia frente a prefeitura de Mauá o povo sem-teto foi reivindicar do prefeito coerência. O protesto pacífico, que até ali, não fora abandonado pelas forças policiais, inclusive motoras de alguns incidentes no percurso, sairam de todos os cantos, bueiros e esgotos e com um piscar de olhos estavam prontos, como cães feroses, para receberem qualquer ordem que significasse: ataque. No reboliço das discussões de policiais, cientes daqueles que serviam, com o movimento, jamais esqueço o comentário de um dos líderes: "- Caramba, cara. Os caras sabiam o meu nome sem eu ter apresentado!". Qualquer cheiro de polícia política não é mera coincidência, pois se os gaúchos tem a sua "nazi", nós temos os nossos.
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Sem mais
Façam circular!
Carmesin
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fonte:
Documento da PM gaúcha traz "instruções" para lidar com movimentos sociais
por Michelle Amaral da Silva — Última modificação 18/09/2008 16:54
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Instrução Operacional nº6 da Brigada Militar (a polícia militar gaúcha) - de caráter sigiloso - normatiza procedimentos da corporação. 18/09/2008 .
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Mayrá Lima e Raquel Casiragui de Porto Alegre (Rio Grande do Sul)


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A prova é a Instrução Operacional nº6 da Brigada Militar (a polícia militar gaúcha) divulgada pelo advogado Leandro Scalabrin durante a visita da comissão especial do Conselho de Defesa à Pessoa Humana (CDPH). O documento, entregue a todos os comandos do interior gaúcho e da capital, NORMATIZA os procedimentos da corporação em relação aos movimentos sociais. Os policiais devem fazer: 1) a identificação dos integrantes dos movimentos, 2) o monitoramento de suas sedes, 3) evitar protestos e ocupações e, 4) quando for preciso, usar a força.
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Para Scalabrin, o documento é a prova oficial de que a criminalização dos movimentos sociais é uma política do governo de Yeda Crusius (PSDB). “A normativa de 'se manter um cadastro atualizado dos movimentos sociais' já resultou somente no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e entre as mulheres camponesas em uma lista de mais de 500 pessoas fichadas, com suas supostas lideranças identificadas, com fotos, tal como fazia o DOPS na ditadura militar”, conta.
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O documento é bastante claro. Traz a finalidade da instrução e justifica com o Título 2 - “Base Legal”, em quais leis e constituições as medidas encontrariam apoio legal. Neste item, aparecem as constituições Federal e a do RS, o Código Penal Brasileiro, o Código de Trânsito Brasileiro (para os casos de acampamentos em beiras de estrada e manifestações de rua) e leis como o Estatuto da Terra e o Direito Agrário.
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No entanto, é o Título 3 - “Execução” (ver grifos no documento ao lado), destacado como inconstitucional pela comissão especial de direitos humanos, que trata da postura que os comandos regionais da BM devem ter. Em situação considerada de normalidade, os comandos devem ter um cadastro de áreas rurais (no caso dos movimentos sociais do campo) e prédios públicos (engloba as organizações urbanas) que possam ser ocupados. Também aponta a identificação e o cadastro das lideranças. Ainda determina ações para casos de “iminente ocupações” e para casos de “ocupações já concretizadas”.
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Documento “surrupiado”
O Ouvidor da Segurança Pública Adão Paiani [piadista], que participou das reuniões com a comissão, negou que exista uma política de Estado para coibir protestos. No entanto, afirmou que existem posições isoladas no governo que defendem o uso da força durante as manifestações. “Já sugeri incansavelmente ao governo do Estado e à Brigada Militar que temos alternativas a isso [violência]. Na semana passada, me reuni com o secretário de Segurança Pública e sugeri a criação da polícia agrária. Infelizmente, essa voz não tem encontrado eco no governo”, disse.
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Em entrevistas à imprensa local, o comandante-geral da Brigada Militar, coronel Paulo Mendes, criticou o vazamento do documento, que afirmou ser sigiloso [o cretino criticou o vazamento do documento e não o seu conteúdo, observem]. Durante um programa de TV, o militar chegou a acusar uma deputada estadual de “ter surrupiado” o documento impresso que ela mostrava na ocasião. O Estado do Rio Grande do Sul não adere ao Manual de Diretrizes Nacionais para Execução de Mandatos Judiciais e Reintegração de Posse Coletiva, produzido pela Ouvidoria Agrária Nacional e pactuado pelas secretarias de seguranças estaduais. O manual direciona o trabalho da polícia em casos de ocupações por reivindicação da Reforma Agrária. (Leia mais na edição 290 do Brasil de Fato).

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

A verdadeira face do Cidade Limpa da parceiria Kassab (DEM) + Matarazzo

Recomendamos visita ao sítio: Dossiê violação dos direitos humanos, possível de ser acessado em nosso espaço.
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fonte Radioagência NP: http://www.radioagencianp.com.br/index.php
Recentemente, duas pessoas em situação de rua foram mortas na cidade de São Paulo. A primeira vítima foi encontrada carbonizada e a segunda foi morta por um grupo armado que fuzilou quatro pessoas enquanto dormiam. O fato ganhou um breve espaço na mídia que nem sequer divulgou o nome dessas pessoas. [AEK: Será que falo denovo da cidadania do carro?]
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Apenas no centro de São Paulo, vivem mais de 13 mil moradores na mesma situação. Todos sem identificação, e a maioria é vítima da loucura, do alcoolismo e das drogas.
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Em entrevista à Radioagência NP, o advogado do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe/SP), Ariel de Castro Alves, conta que a prefeitura da cidade de São Paulo é uma das principais responsáveis pela criminalização e por um movimento de higienização do centro de São Paulo. Em vez de tratamento médico, essas pessoas recebem gás de pimenta no rosto e jatos de água fria pela manhã.
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Radioagência NP: Você tem número que comprovem um histórico de assassinato de moradores de rua na cidade de São Paulo?
Ariel Castro Alves: Em 2004 tivemos o caso da morte de sete moradores de rua. Infelizmente até agora ninguém foi punido. No caso, nós tínhamos cinco policiais militares acusados e também um segurança clandestino. O Ministério Público apresentou a denúncia, mas a justiça não aceitou. Em 2006 tivemos ataques contra moradores de rua no bairro do Belém e um desses moradores acabou falecendo e outros dois ficaram feridos.
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RNP: Há uma política de limpeza social?
A.C.A: Nós temos acompanhados diversas atitudes que deixam claro uma política de limpeza social. Não temos dúvidas que está sendo patrocinada pela própria Prefeitura Municipal, inclusive com muitas atitudes e declarações da próprio secretário da subprefeitura [do centro], Andrea Matarazzo. Os próprios carroceiros são constantemente vítimas de abusos e são impedidos de circular aqui na região central de São Paulo. E estes abusos estão sendo cometidos pela própria prefeitura municipal.
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RNP: Além do impedimento de circular, que tipo de abusos são esses?
A.C.A: Registramos casos de moradores de rua sendo espancados, spray de pimenta que é jogado contra eles. Diariamente esses moradores são acordados por funcionários terceirizados que trabalham para a Prefeitura, que usam jatos de água gelada para acordar essas pessoas. Eles recebem água fria todo dia aqui no centro da cidade de São Paulo. Isso é uma forma de expulsá-los do local. Muitas vezes eles estão dormindo em cima de um cobertor ou um papelão, esse papelão é puxado e eles são derrubados no chão. Muitas vezes os bens deles, que já não são muitos, são pegos e levados por esses funcionários que atuam para a Prefeitura.
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RNP: Esta política de violência está diminuindo essa população?
A.C.A: Temos dados da FIPE [Fundação Instituto Pesquisas Econômicas] que podem ser levados em conta e que mostram que apesar dessa política de repressão, a população em situação de rua só está aumentando. Em 2003 nós tínhamos dez mil, hoje nós estamos com 13 mil. No centro de São Paulo é muito visível o aumento do número de pessoas nessa situação. E nós vemos essas pessoas o tempo todo ociosas, sem que sejam abordadas por agente sociais e encaminhadas para programas de atendimento.
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RNP: Qual a posição da Condepe a respeito destes problemas?
A.C.A: Seria fundamental que tivéssemos uma forte ação na área social e uma abordagem correta. Não uma abordagem policialesca, mas sim, uma ação por parte de pessoas preparadas. Nós já temos programas especiais com educadores de rua que sabem fazer esse tipo de abordagem e a partir disso, encaminhar essas pessoas para psicólogos, psiquiatras e assistentes sociais que possam efetivamente atuar para resolver a problemática vida dessas pessoas.
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De São Paulo, da Radioagência NP, Juliano Domingues.
15/09/08

Bolívia: A informação que desinforma

Retirado do site da Brasil de Fato

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Elites econômicas tentam mais um golpe na Bolivia

Whipala - sobre o seu significado visitar: http://rtvcampesina.galeon.com/enlaces1743826.html
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Berram as armas a serviço dos negócios capitais de multinacionais e da elite proprietária boliviana, incomodados que estão com seu povo, que maltratado por anos de história onde a tônica jamais deixou de ser outra, senão exploração, resolveu dar o seu recado nas ruas, no embate direto. Antes deu nas urnas elegendo Evo, primeiro presidente de sua história a advir de camadas populares e a possuir os traços indígenas, coisa significativa dado que até então os homens de Estado provinham sempre das elites proprietárias e brancas.
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Promovendo uma política, ao que parece aqui com quase um continente e todo um muro midiático comprometido ideologicamente com os senhores de engenho, nacionais e internacionais, fica comprometido um veredicto, mas a impressão que Evo nos passa - e basta um simples exercício de pensamento para chegarmos a tal conclusão - é de que esta "insurreição" burguesa, dá-se na Bolívia mais uma vez, porque o povo boliviano, exemplo de luta nas Américas, está decidido a cobrar a conta de uma exploração ancestral, deposando as forças responsáveis por tamanha tragédia no imediato pela via institucional. Segue na linha de um grande, no caso, Salvador Allende. Em outras palavras, as forças que pretendem dividir a Bolívia e jogá-la em uma guerra civil, comprometidas com o capital internacional e com os seus negócios, assim o fazem porque o povo pede o mínimo, o qual, justamente estão decididas a não dar e com isso incomodam.
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Mas é justamente incomodando, que farão história, com ou sem Estados Unidos, com ou sem PetroBRAS e tantas outras multinacionais, pois tem outra coisa que a história boliviana ensina: O seu povo não cala jamais diante da mão que lhe agride, fazem melhor, dão o troco na mesma moeda!
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Seguem duas matérias retirados dos sítios da Carta Capital e da Brasil de Fato.
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O pretexto é a disputa pelas rendas de gás e petróleo. O governo de Evo Morales criou a “Renda Dignidade”, uma bolsa para todos os maiores de 60 anos, no valor de 26 dólares mensais (20 para os que já têm uma aposentadoria), financiada por 30% do imposto sobre o petróleo, tomados tanto do governo nacional quanto dos departamentos e municípios. Os recursos dos departamentos não diminuíram em termos absolutos, pelo contrário: graças às nacionalizações de Evo Morales, o bolo mais que quintuplicou, de 287 milhões em 2004 para 1,57 bilhão de dólares em 2007.
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Apesar da distribuição entre departamentos ter sido alterada em favor dos departamentos não petroleiros, a fatia de Santa Cruz, em particular, quadruplicou de 29 milhões para 118 milhões de dólares e a de Tarija, de 66 milhões para 237 milhões: mesmo descontando-se os 30% – parte dos quais, naturalmente, voltam para os idosos do departamento – ainda tiveram crescimentos de 185% e 152%, respectivamente, em sua renda petrolífera. O valor disputado representa 6% do orçamento dos departamentos.
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Ainda assim, há meses os prefectos da chamada “Meia-Lua” promovem protestos e “greves de fome” contra o “assalto” a seus cofres – e, depois de uma escalada de atos de desacato e insubordinação ao governo de La Paz e de ameaças físicas a Evo Morales, os oposicionistas passaram à guerra aberta contra o Estado boliviano na terça-feira, 9 de setembro de 2008, dois dias antes do 35º aniversário do golpe militar urdido contra Salvador Allende com a cooperação dos Estados Unidos.
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Na opinião de Evo Morales, as analogias vão além da proximidade de datas. No dia seguinte, ele expulsou o embaixador estadunidense em La Paz. Philip Goldberg, que se reunira quinze dias antes, a portas fechadas, com o prefecto Rúben Costas, de Santa Cruz, representou os EUA na Bósnia de 1994 a 2000 e no Kosovo de 2004 a 2006. Em 2007, posou para uma foto com um líder paramilitar colombiano. Segundo Evo, teria incentivado o desmembramento da ex-Iugoslávia nas duas ocasiões e sua missão seria repetir a dose na América do Sul com a ajuda de Costas e Branco Marinkovic, líder do movimento “cívico” de Santa Cruz, que, no dia 8, desembarcava de uma viagem aos EUA e, como grande parte da elite industrial crucenha, descende de croatas que fugiram para a Bolívia após a derrota do fascismo.
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fonte: http://www3.brasildefato.com.br/v01/agencia/especiais/bolivia/201ca-bolivia-corre-um-risco-grave-de-iugoslavizacao201d/
Correspondente do Brasil de Fato em La Paz (Bolívia)
Os setores das oligarquias do oriente boliviano não estão somente reagindo contra o processo de transformações que o governo Evo Morales está implementando e que afeta diretamente seus interesses – sobretudo no manejo da terra e dos excedentes procedentes do gás –, como agora estão em uma clara ofensiva destinada a promover a divisão da Bolívia, com o argumento das autonomias”, analisa o sociólogo Eduardo Paz Rada, da Universidad Mayor de San Andrés (UMSA).
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Segundo ele, tais ações estão vinculadas à estratégia do imperialismo estadunidense de provocar uma crise regional e tentar frear os processos revolucionários e reformistas nos países da região. Há cerca de três semanas, os governadores opositores de Santa Cruz, Tarija, Beni e Pando vem promovendo, ao lado de comitês cívicos regionais, formados principalmente por empresários, a tomada de controle de instituições estatais nos departamentos (estados). A justificativa deles é a pressão pela devolução do montante do imposto sobre o gás destinado às regiões que foi cortado em parte pela gestão Evo para financiar uma bolsa aos idosos.
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Para Rada, o governo do presidente Evo Morales, ao não haver adotado medidas há vários meses contra tal arremetida, se encontra agora em grandes dificuldades. “O país corre um risco grave de iugoslavização e fragmentação devido ao fato de que as oligarquias do oriente, apoiadas pela embaixada dos Estados Unidos, possui grupos armados, contratados especialmente por proprietários de terras bolivianos, brasileiros e estadunidenses”, diz. O termo "iugoslavização" é uma referência à desintegração da então Iugoslávia em vários países a partir da década de 90.
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Ainda segundo o sociólogo, o Executivo deve tomar medidas urgentes com ação direta das Forças Armadas, a Polícia Nacional e os movimentos sociais. “Seja através do estado de sítio, ou de ações fundadas na lei e na Constituição, o governo deve atuar rapidamente e com energia, sobretudo para frear desde agora mesmo o controle territorial dos setores das oligarquias regionais”.
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Estado de sítio
Desde que as mobilizações da oposição tiveram início, as Forças Armadas e a polícia vêm evitando atuar com mais energia. Em muitos dos casos, os militares e policiais que resguardavam as entidades foram obrigados a se retirar, diante do forte assédio dos manifestantes. No entanto, nesta sexta-feira (12), a entidade militar confirmou o deslocamento de soldados às regiões em conflito e afirmou que aguarda uma ordem escrita por Evo Morales para recuperar as instituições públicas e reprimir os grupos de “vândalos ou radicais”. Já o presidente disse sentir-se culpado pelas humilhações sofridas pelo exército e pela polícia, já que foi ele quem pediu para que não fossem usadas armas de fogo.
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No mesmo dia, o governo decretou estado de sítio no departamento de Pando, devido à morte, oficialmente, de oito pessoas (sete delas camponeses apoiadores de Evo) em enfrentamento com funcionários do governo departamental em El Porvenir.
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O Executivo, defensores de direitos humanos e camponeses chamam o ocorrido de “massacre” e acusam o governador Leopoldo Fernández de ter armado os funcionários e ter contratado mercenários peruanos e brasileiros para impedir que os apoiadores de Evo chegassem à capital Cobija, a 30 km do local das mortes, que podem aumentar, já que 35 camponeses ainda estão desaparecidos.
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Já Fernández nega as acusações, afirma que não acatará o estado de sítio e desautorizou o governador de Tarija, Mario Cossío, a representá-lo no diálogo com o Executivo, iniciado na sexta-feira.
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Em Cobija, um soldado morreu, vítima de um disparo por arma de fogo, e seis civis ficaram feridos à bala na retomada pelo exército do aeroporto Capitán Anibal Arab, que estava em controle dos opositores desde o dia 5. Segundo alguns relatos, os militares ingressaram no local atirando para o ar, e foram recebidos com disparos de metralhadoras.
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Movimentos reagem
Enquanto isso, teve início, na noite de sexta-feira, um diálogo entre governo e oposição, representada por Mario Cossío. Depois de mais de oito horas de reunião, foram acordadas as bases das negociações, que serão retomadas no domingo (14). Mesmo assim, os movimentos sociais do país acentuaram suas ações em retaliação às medidas de pressão dos opositores.
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No dia 10, cultivadores de folha de coca do Chapare, no centro da Bolívia, iniciaram um cerco à Santa Cruz de la Sierra, com fechamento de estradas. Desde então, os pontos de bloqueio vêm aumentando. No dia 11, Eugenio Rojas, prefeito da cidade de Achacachi, no ocidente do país, e líder do movimento indígena “poncho rojos”, declarou estado de emergência nas filas camponesas e ameaçou a tomada de terras e fábricas no oriente.
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Outros dirigentes sociais, separadamente, afirmaram que retomarão as instituições públicas controladas pela oposição e defenderão o governo Evo, se necessário, com suas vidas.
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Na quinta-feira à noite, a Federação Nacional de Cooperativas Mineradoras (Fencomin) havia dado um prazo de 72 horas aos governadores da oposição para que estes retomassem o diálogo com o Executivo. “Caso contrário, as cooperativas mineradoras se mobilizarão a nível nacional em defesa da democracia em liberdade, da igualdade social e da unidade do país. Se eles exigem nosso sangue, nós vamos oferecê-lo mais uma vez para o benefício de todo o povo boliviano”, diz o comunicado da entidade.
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“Considero necessário que se combinem a ação das instituições militares com a mobilização popular, especialmente para respaldar os setores afins ao governo que se encontram combatendo no seio mesmo do conflito em Santa Cruz, Pando, Beni e Tarija. Parece, a esta altura da situação, que não se poderá evitar o enfrentamento direto e de grande dimensão, e que já prevíamos que se desataria pela decisão das classes dominantes de não perder seus privilégios e o poder econômico e político”, opina o sociólogo Eduardo Paz Rada.
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Em Santa Cruz de la Sierra, os dirigentes da Confederação de Povos Indígenas do Oriente (Cidob) se declararam na clandestinidade, em virtude da perseguição que estão sofrendo por grupos opositores a Evo Morales.
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Na tarde de quinta-feira, integrantes da União Juvenil Crucenhista (UJC) invadiram e saquearam a sede da Cidob, e atacaram as casas de seus líderes. “Queremos denunciar ao mundo que o governador Rubén Costas quer massacrar os indígenas que, até o momento, não responderam a nenhuma de suas provocações”, disse Adolfo Chávez, presidente da organização.
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“Conspiração”
E, em meio à polêmica da expulsão do embaixador dos EUA em La Paz, Philip Goldberg, o ministro da Presidência boliviano, Juan Ramón Quintana, acusou a USAID (agência estadunidense de apoio ao desenvolvimento) de contratar políticos neoliberais dos governos anteriores para desestabilizarem a gestão do presidente Evo Morales, principalmente com o apoio à oposição regional.
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“A USAID se converteu em refúgio político e econômico de todos aqueles funcionários do mais alto nível de Goni [Gonzalo Sánchez de Lozada] e Carlos Mesa. Portanto, estes funcionários, com a informação do Estado, fizeram um complô, durante todo esse tempo, contra o governo nacional”, disse.
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Quintana detalhou a denúncia: de acordo com ele, Carlos Campero, ex-funcionário de Lozada, passou a trabalhar no escritório encarregado em temas de descentralização da entidade estadunidense. “Setor que trabalhou em projetos de apoio nos governos departamentais da oposição”.
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Além de Campero, teriam sido contratados pela USAID Javier Cuevas, ex-ministro da Fazenda de Lozada e Mesa; Javier Rebollo, ex-diretor geral do Tesouro Nacional; José Nogales, ex-viceministro de Política Tributária de Lozada e Mesa; e Juan Brun, ex-diretor do Instituto Nacional de Reforma Agrária no governo Lozada.
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O ministro da Presidência fez a denúncia ao justificar a expulsão do país do embaixador estadunidense, por conspiração contra o governo e a unidade boliviana. Segundo Quintana, um dos resultados da atuação do diplomata “estamos experimentando agora, com a violência e o enfrentamento nos departamentos de Santa Cruz, Pando, Beni e Tarija, parte da estrutura conspirativa montada com os recursos da USAID na Bolívia, sobre a qual nem o embaixador soube explicar”.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Para não dizerem que me calei.

"Um dia desses, em Bruxelas [na Bélgica] eu dizia a alguns empresários: é verdade que o trabalho do cortador de cana é um trabalho penoso. Mas, certamente, ele não é mais penoso do que é nos trabalhadores das minas de carvão que fizeram a Europa se transformar numa grande nação".
Frase de Lula, o presidente traidor, equiparando e justificando a escravidão nas lavouras de cana no Brasil com a escravidão nas minas do "parâmetro civilizacional", no caso, Europa, como bem gostam de acentuar os laços construídos artificialmente pelos mesmos medíocres caboclos à oeste do continente intermediado pelo Atlântico. Notem que absurda resposta, inclusive, dada já há coisa de meses (junho/2008) e por termos comido milho acabou que a lentidão deu a tônica quando o intuito era tornar público o quanto antes. Enfim, o problema na fala do presidente-traidor (embora não haja na nossa história quem não tenha sido) não está em chamar a Europa de grande nação, mas sobretudo em fazer vistas grossas ao trabalho mais que escravo e infantil, base do "espetáculo do crescimento", como papagaiamente gosta de repetir em discursos, nas lavouras de cana. Pior que isso legitima o "espetáculo do crescimento" no "exemplo" dado pela história européia.
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Como irão notar, outro absurdo inaceitável.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Dança o martelo nas mãos de maníacos!

2008/08 AEK
perduram invencíveis senzalas
sob o ornato de outra fachada
quem morar o teu rosto no muro
ouvirá que não cala a tortura
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ao contrário soam aos berros
as correntes que aram a terra
o açoite que rasga o vento
o repouso da bala no peito.
(2008/08 - Alek Sander de Carvalho)
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Perduram invencíveis senzalas
Em coisa de 24 horas transitou-se da tentativa de assassinato a "moradores" de rua, coisa que até o momento já vitimou uma vida; para a libertação de torturados pelo sistema que os produziu como réus confessos e que se não fosse o depoimento de um maníaco (que pôs se assumir o crime) ainda estariam presos. Em duas situações a mesma cena: dança o martelo nas mãos de maníacos!
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São por estes incidentes, acredito tão frequentes que talvez seja insensatez continuar a qualificá-los como incidentes, que afirmo, mesmo carregado de dúvidas alimentadas pelo alheamento promovido pelos veículos de informação desinformante,... em tom de questionamento, pra não ser acusado de lunático: Será que realmente não vivemos sob um processo ditatorial??? Ou posto de outra forma, qual tipo de ditadura nós vivemos???
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Tire suas próprias conclusões
O episódio que envolve Wagner Conceição da Silva, Renato Correia de Brito e Willian César de Brito Silva com o assassinato e estupro de Vanessa Batista de Freitas me fez lembrar dos irmão Naves, que lá nos porões da ditadura Vargas foram torturados até dizerem: "Sim, fomos nós!". Mas os irmãos entraram no cerne, pois foram fruto do considerado "maior erro" jurídico deste país. Tudo deu-se porque submeteram-os aos mesmos métodos de "interrogatório" que fariam até o capeta declarar-se como fervorosamente cristão. No caso dos Naves, torturam-nos para que assumissem aquilo que nunca foram: Sequestradores e assassinos. Fato verídico que se confunde com a ficção nada fabular, por exemplo, de um clássico da literatura como "O Processo" de Kafka. Em nossos tempos dói pensar que isso não irá repercutir mais do que 1 dia.
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Se a história se repete como farsa e tragédia, assim, como outrora, em 24 horas transitou-se de presos torturados à "catadores" que sofreram tentativa de assassinato, o qual, um dos 4 não resistira e acabou por falecer. Aliás os atentados aos "moradores" de rua têm se multiplicado da mesma forma assustadora pela qual não se noticiam os mesmos. Ou poderia também dizer: da mesma forma assustadora pela qual a metrópole e seus premíscuos jogos os produzem. Fato é que para qualquer linha que se siga notamos que o resultado desta inconsciência premeditada é o tão popular naturalizado: "nada se faz!".
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Por fim, mais uma vez essas histórias vieram à tona, mas não é sempre que o veículo alienador mostra boa vontade. Nós optamos por destacá-las neste espaço. O que me resta neste fim de reflexão é outro questionamento, ao invés, de solução, mas enfim não se chega a resposta alguma sem este passo: Quantos silenciaram esta noite sob à tortura de neo-facismos no país que se orgulha de não possuir nada em comum com o regime chinês ou cubano?
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Para saber mais sobre os irmãos Naves dá uma olhada neste interessante site: http://www.geocities.com/CapitolHill/Lobby/1647/Casos/caso02.htm
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Sob o nosso posicionamento acerca do regime desgovernamental contemporâneo: http://carmesincarmesin.blogspot.com/2008/05/fonte-fsp-24042008-14h24-presidente-do.html
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Vos deixo, enfim, com as duas notícias que motivaram esta resenha, ocorridas nesta Quinta-feira.
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Fonte: 'Estadão" on-line... arghhh
Inocentes deixam CDP sob aplausos
Após 2 anos, presos por crime de maníaco recuperam a liberdade
Josmar Jozino
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Sob aplausos e choro de parentes, três rapazes deixaram às 15h35 de ontem o Centro de Detenção Provisória (CDP-1) de Guarulhos, na Grande São Paulo, após 2 anos e 15 dias de prisão. Wagner Conceição da Silva, de 25 anos, Renato Correia de Brito, de 24, e Willian César de Brito Silva, de 28, foram acusados injustamente de matar e violentar Vanessa Batista de Freitas, de 22 anos, em 19 de agosto de 2006. Só foram libertados porque Leandro Basílio Rodrigues, de 19 anos, apontado pela polícia como o Maníaco de Guarulhos, confessou o crime.
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Ao revelar que era o verdadeiro autor do assassinato de Vanessa, Rodrigues disse aos policiais: "Se tem pessoas presas, são inocentes. Quem matou essa moça fui eu." Responsáveis pelas investigações dos crimes cometidos pelo Maníaco de Guarulhos consideram que ele pode ter cometido mais crimes e seria um criminoso pior que o motoboy Francisco de Assis Pereira, o Maníaco do Parque, que teria cometido pelo menos dez assassinatos (mais informações na página C5).
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Assim que os três passaram pelo último portão de ferro do CDP-1, a dona de casa Iraildes Alves Conceição, de 49 anos, beijou e abraçou o filho Wagner, olhou para o céu e disse em voz alta emocionada: "Obrigada, Pai." O filho não conseguiu conter as lágrimas. Willian também deu um forte abraço na mulher, Natália Priscila Brandão, de 20 anos, e chorou. "É maravilhoso estar livre. Vocês não imaginam o sofrimento que passei. Só Deus. Agora quero curtir minha família e dar um beijo no meu filho." Segundo Natália, Cauã, de 3 anos, sentiu muito a ausência do pai e até hoje passa por sessões periódicas com um psicólogo.
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O motorista Avelino Cardoso da Silva, de 48 anos, também se emocionou ao reencontrar o filho Willian. Ele disse que gastou R$ 20 mil para tentar provar a inocência dele e até hoje está com o nome sujo na praça. Silva destacou que o filho e os outros dois rapazes foram torturados por PMs, levados para um matagal e só não morreram porque um carro passou pelo local e os policiais resolveram levar os três para a delegacia. Acrescentou ainda que, no 1º Distrito Policial de Guarulhos, eles também apanharam.
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De chinelo, camiseta azul e bermuda branca, Renato reencontrou a tia Maria Aparecida, mãe de Willian. A namorada, Marilândia Nascimento Santos, de 19 anos, o aguardava ansiosa. Ambos se beijaram e choraram.
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JÚRI
O alvará de soltura foi concedido ontem pelo juiz Leandro Jorge Bittencourt Cano, do Tribunal do Júri de Guarulhos. Apesar de terem sido inocentados pela confissão do Maníaco de Guarulhos, os rapazes serão submetidos a julgamento pelo Tribunal do Júri de Guarulhos.
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Como o processo está pronto, nada se pode fazer para evitar o julgamento. "O Ministério Público pedirá a absolvição dos três", adiantou o promotor Marcelo Oliveiro, autor da denúncia contra os réus.
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Quatro carroceiros são baleados na zona oeste de SP
Grupo estava sob a marquise de uma agência bancária na Rua Martin Tenório com a Rua Clemente Álvares
Camila Alves, do estadão.com.br
SÃO PAULO - Quatro carroceiros foram baleados na Rua Martin Tenório com a Rua Clemente Álvares, na Lapa, zona oeste de São Paulo, na madrugada desta quinta-feira, 4.
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Segundo informações iniciais, as vítimas estavam sob a marquise da agência do Unibanco quando ocupantes de um veículo fiat uno vermelho apareceram e realizaram os disparos.
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Três viaturas do Corpo de Bombeiros foram acionadas. As vítimas foram encaminhadas para o Hospital das Clínicas, aos prontos-socorros Vila Penteado e Sorocabano. Não há informações sobre as identidades dos carroceiros e dos autores do crime.
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*detalhe: o sítio do 'Estadão' anunciou a morte de um dos "catadores" as 10:30hs.