quinta-feira, 10 de julho de 2008

Renuncio a tudo que não seja denúncia!

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O cenário é cartão-postal. Mas no quadrado que cabe no bolso a imagem é higienizada. Limpa. Sem conflitos. Harmônica. O discurso do moderno, do progresso, do aço e do concreto em seu mais perfeito e impossível estado.
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Avenida Paulista. Onde só o poder fala, não é de se espantar que tenha eleito para prestar homenagem a uma avenida. Asfalto onde não cresce vida, metáfora da metrópole, em toda sua esterilidade. Por sobre a lama negra solidificada correm carros e seus cidadãos motorizados. A paisagem que passa em alta velocidade não se apreende. O homem moderno teme tudo aquilo que esta no quadrado de fora da janela. Por isso se protege em torres de andares privativos empilhados uns sobre os outros e veste a armadura automóvel. Não quer pisar o chão.
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O povo miserável, negro segunda cultura discriminante, índio segunda cultura generalizante, entre outras minorias que são maioria, não fazem parte da história nem têm título de cidadania, pois mal conseguem se alimentar. Estão fora da via e sob o sereno. Comprar o título de nobreza, segundo as regras do jogo, passaporte de ingresso no estado mínimo de direito reservado, somente àqueles que conseguem atingir o estado de consumidores, está fora de cogitação? Carta de motorista, atestado que condiciona a cidadania em um Estado que funciona para realizar estrategicamente os anseios da elite econômica, ahhhh isso nem pensar!
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Avenida Paulista. Cartão-postal. Metáfora da metrópole e de um poder público tomado pelo interesse privado que gasta 230 milhões para contruir uma ponte que atravessa um rio que não deve ter 30 de diametro e não constrói casas populares para cidadãos sem teto. É um horror de concreto, arranha-céus e automotores. Centro econômico da América Latina, como vive sempre se gabando. Olhar arrogante que não enxerga os arrasados do sistema, aqueles que estão nos escombros e comem do lixo. Cena que não raras vezes se presenceia não só no centro como em outros cantos desta cidade. Aliás é essa a lógica que dá o tom na metrópole. Gente de carne e osso valendo menos que um auto de aço.
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Sem mais
Autoria: Co-autoria.

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