Carlos. Acorda todo dia as 5 da manhã com um insuportável mal humor inclusive aos sábados e domingos em causa do teu corpo treinado a acordar cedo para trabalhar em demasia e chegar tarde em casa já quase no outro dia. Todo dia é a mesma merda. Mas Carlos sorve mais ar aos pulmões, abaixa a cabeça e segue assim humilhado. Decidiu mais um dia deixar pra amanhã acabar com a sua insatisfação. A vida é assim. Se deus quiser um dia melhora. Escolheu conviver!
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Edna. Acorda todo dia as 5 da manhã, mas só chega no trabalho depois de lutar contra o cotovelo de bem educados passageiros e contra a mão inquieta de filhos da puta que gostam de roçar o corpo da moça. Todo dia é a mesma merda. Mas Edna sorve mais ar aos pulmões, abaixa a cabeça e segue assim humilhada. Decidiu mais um dia deixar pra amanhã acabar com a sua insatisfação. A vida é assim. Se deus quiser um dia melhora. Escolheu conviver!
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Laura. Acorda as 5 da manhã. Após a guerra no ônibus, experiência a qual, passou sem ousar um "A" pra se defender chega as 8 no trampo depois de cruzar a cidade parada num insuportável trânsito da porta de casa até as grades do bico que faz. Chegou atrasada 10 minutos. O patrão a chamou de "Vaca, fila da puta", apertou-lhe os braços e disse que "da próxima vez coloca na rua que a fila lá fora tá cheia de gente quereno emprego". Chegou em casa atrasada e teve de dar satisfação a outro patrão, este sacramentado pelas trombetas sagradas (?) a dividir o mesmo teto com um cachaça até que a morte, da Ana, os separe. Levou um sacode e um tapa na cara em causa da agravante do apertão que lhe deixara marcas e que no texto do cachaceiro que hospeda e por vezes chama de marido chegou atrasada porque tava de putaria na rua. Deixou-se espancar em silêncio. Todo dia é a mesma merda. Mas Laura sorve mais ar aos pulmões, abaixa a cabeça e segue assim humilhada. Decidiu mais um dia deixar pra amanhã acabar com a sua insatisfação. A vida é assim. Se deus quiser um dia melhora. Escolheu conviver!
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Ana. Acorda as 5, vai de ônibus já tomou no cú segunda orientação de seu patrão. Trabalha numa barraca alugada no Centro da Cidade. Levanta uns troco pro grude e pro leite das criança. Tá que não aguenta a jornada, mas se segura ora correndo pruma esquina, ora pr'outra e neste vai e vem de cão que corre atrás de gato, de policia que usa capacete pra enganar a falta de cérebro, segundo interesse dos chefes do Estado: maldita classe patronal, que não paga imposto e alega o prejuízo causado pelo comércio informal, deu, Ana, azar. Os cabeça branca lhe roubaram a mercadoria pra alegria das crias que vão se entreter até a próxima apreensão com os últimos inventos tecnológicos da civilização chinesa. Levou um esporro do cretino do patrão. Seu pensamento colocou um "vá se fodê", mas morreu assim mesmo: pensamento. Todo dia é a mesma merda. Mas Ana sorve mais ar aos pulmões, abaixa a cabeça e segue assim: humilhada. Decidiu mais um dia deixar pra amanhã acabar com a sua insatisfação. A vida é assim. Se deus quiser um dia melhora. Escolheu conviver!
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João. Acordou as 5, tomou um pileque antes de entrar em contato com as massas no coletivo, viu um outro ali se esfregando numa garota duns 14, chegou atrasado no caralho do trabalho. Pensou que a escravidão ainda não tinha acabado. Não suspeitou dizer e inda ficou com sentimento de culpa pro caso de alguém ter ouvido o seu pensamento. Olhou pro lados e notou que estava todo mundo mais preocupado em se manter de pé e menos suado no roça roça dentro do ônibus que balança dum lado a outro té quase cair nego pela janela. Chegou atrasado. Mandaram-lhe tomar no cú, acatou, prestou reverências e saiu só no pensamento. Na saída da lida escrava coagiram: fizeram lhe lembrar da fome e da massa desempregada à porta da firma. Pensou um "Vá tomar no cú" mas saiu feito monge. Era dia de receber o salário. Travou 15 vezes na porta e já com o pinto de fora conseguiu entrar........ ENTRAR direto para o camburão por atentado ao pudor. Não recebeu a mixaria e ademais da sobra restaria menos ainda em causa da fiança que descobriu não seria paga, pois sua mulher deu conta no banco que o salário não tinha sido depositado e que a saudosa instituição o deixou deficitário em causa de uma dessas cobranças de nome complicado e que esporadicamente dão a aparecer num e noutro extrato. Amargaria essa noite no xadrez sobre as solas dos pés, porque no chão já abarrotado não cabia ninguém deitado. Todo dia é a mesma merda. Mas João sorve mais ar aos pulmões, abaixa a cabeça e segue assim: humilhado. Decidiu mais um dia deixar pra amanhã acabar com a sua insatisfação. A vida é assim. Se deus quiser um dia melhora. Escolheu conviver!
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Carlos, Edna, Laura, João já estam há 5 séculos na prisão.
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Alek
Um comentário:
Aqui no Brasil é tudo mortalmente tranquilo!
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