Instalação de arte na praça da Sé, centro da cidade de São Paulo, a mais rica e moderna da América Latina. Eldorado dos senhores de engenho, que preservam o mesmo trato com os subalternos acorrentados e hoje só diversificaram a atividade. Não recrutam somente para o plantio da cana. Escravizam engarrafanado Coca-Cola. Em outras palavras, fomos transformados sem consentimento e com os quilos de medo que há tempos constrói a tradição, em mão-de-obra e escrava, não só mais para o deleite de algozes nacionais como também dos internacionais.
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Me pergunto: Para que tantos edifícios, tantos carros, celulares, MP4's, televisores de 40 polegadas com um centímetro de largura que podem ser pendurados como quadros? De que serve a Revolução ou a inclusão se ela é digital e tecnológica e pra quem pode pagar? Tanta modernidade, tanta civilização e não consegiu-se, não quer-se acabar com a fome, porque isso não dá lucro. Televisão e fome. Esta oposição não me parece banal, mas poderia ser composta de tantos outros substantivos.
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Lar amargo lar de tantos sujeitos apagados pelo desprezo generalizado. Quarto arejado de muitos convidados, até os indesejados. Não vou falar da rua, a-moradia de tanta gente nua de direitos, à margem da própria história. Vou deixar que a imagem acima apresente e desconstrua mitos, a modernidade e todos os outros quilates que ornam os seus pilares. Vou convidar ao olhar e ao pensamento. Nada mais. E digo que não precisamos do improbabilidade do impossível, o óbvio já nos é suficientemente revolucionário.
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Renuncio a tudo que não seja denúncia!
Alek Sander de Carvalho