Bolívia: o Imperialismo contra-ataca
(5'53'' / 1,35 Mb) - A democracia, a integridade territorial e o avanço de um projeto de governo popular na Bolívia estão em risco. O referendo popular sobre a autonomia da província de Santa Cruz de la Sierra, realizado agora no início de maio, deixou evidente a divisão de interesses entre a maioria do povo boliviano – em sua maioria indígena - e a minoria branca que vive em uma das regiões mais ricas do país.
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Santa Cruz é uma região rica em reservas minerais e é responsável por aproximadamente de 30% do PIB boliviano - que é a soma de toda a riqueza produzida pelo país. Ao que tudo indica a elite econômica e mídia nacional não aceitam o projeto de governo nacional-popular de esquerda implantado pelo presidente Evo Morales. Outra evidência é que os Estados Unidos (EUA) têm interesse em uma possível declaração de autonomia da província.
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Para entender mais sobre o assunto, a Radioagência NP entrevistou o jornalista e editor da revista Debate Sindical, Altamiro Borges. Ele fala sobre fatos que podem desembocar uma crise de cunho militar na América Latina.
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Radioagência NP: O que está por trás do confronto explicitado nesse referendo?
Altamiro Borges: O confronto está relacionado com a vitória do Evo Morales em 2006. Desde aquela época, essa elite boliviana que reside nessa área do oriente do país, vem desferindo ataques violentos ao governo eleito democraticamente. É uma elite branca, racista e que não aceita a vitória de um líder camponês na Bolívia, depois de cinco séculos de dominação [desta mesma elite]. Desde o início ela está tentando desestabilizar o governo. Ela primeiro apostou todas as fichas na derrota da constituinte [Assembléia Constituinte da Bolívia que aprovou o projeto de reforma constitucional em 2007]. Ela tentou esvaziar a constituinte, não conseguiu. Agora procura dividir o país.
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RNP: Fale sobre os interesses americanos que parecem estar envolvidos nessa briga.
A.B: A elite boliviana não está sozinha, ela conta com apoio direto dos EUA. Esse embaixador que o George Bush enviou para a Bolívia, o Philip Goldenberg, foi quem dividiu os Bálcãs, dividiu a Iugoslávia, foi ele que encabeçou a chamada “Missão Kosovo” que tinha como meta dividir toda aquela região para favorecer os interesses do capital privado dos EUA. Esse homem é um perigo no sentido de estimular lutas étnicas e a divisão de países. Ele ajudou a implantar o Plano Colômbia, ajudou a depor o presidente Jean Bertrand Aristides no Haiti. Agora ele está dando todo apoio a esta mobilização separatista. Além disso, esta elite boliviana conta com apoio da mídia que está em plena campanha pela divisão do país.
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RNP: Quais outras vezes que a mídia se posicionou contra Evo Morales?
A.B: Esta mídia já tinha cumprido um papel detestável na campanha eleitoral que o Evo Morales ganhou em 2006. O [sociólogo brasileiro] Emir Sader fez um estudo mostrando que 80% das notícias veiculadas em rádio, televisão, jornais e revista eram contra ao Morales, e mesmo assim o povo o elegeu.
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RNP: Há o perigo de um confronto militar na Bolívia?
A.B: Essa oligarquia racista vem adotando uma posição de preparar uma guerra civil na Bolívia. Há notícias já confirmadas de contratação de mercenários. Uma empresa da Europa confirmou que 650 mercenários foram contratados. Há indicações no sentido de que há a participação dos paramilitares da Colômbia nesse processo. Ou seja, eles estão se preparando para dividir o país.
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RNP: Trata-se de um processo de tentar frear a ascensão de governos populares de cunho de esquerda na América Latina?
A.B: Isso faz parte da guerra infinita do Bush. O que eles [EUA] aplicaram no Iraque estão tentando aplicar na América Latina. Os EUA vão perdendo o controle, eles transplantam para a América Latina a chamada guerra infinita contra o eixo do mal. A ação da Colômbia ao invadir o Equador, inclusive orientada pelos EUA, fez parte disso. Era uma nítida provocação para ver se criava um clima de instabilidade na parte andina.
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RNP: O que cabe ao presidente Evo Morales fazer em um momento como esse?
A.B: A primeira atitude do governo Evo é defender a constituição, a institucionalidade democrática e a integridade territorial. Nisso ele conta inclusive com o apoio das Forças Armadas Bolivianas. Agora, evidentemente, para o Governo Evo e para os países da América do Sul, não interessa uma guerra étnica. É preciso procurar caminhos negociáveis também. O conflito armado só interessaria aos EUA e aos seus serviçais na América Latina.
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De São Paulo, da Radioagência NP, Juliano Domingues.
06/05/08
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retirado do link:
http://www.radioagencianp.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=4561&Itemid=43
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Também recomendamos:
http://lacholitaescribe.blogspot.com/
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Santa Cruz é uma região rica em reservas minerais e é responsável por aproximadamente de 30% do PIB boliviano - que é a soma de toda a riqueza produzida pelo país. Ao que tudo indica a elite econômica e mídia nacional não aceitam o projeto de governo nacional-popular de esquerda implantado pelo presidente Evo Morales. Outra evidência é que os Estados Unidos (EUA) têm interesse em uma possível declaração de autonomia da província.
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Para entender mais sobre o assunto, a Radioagência NP entrevistou o jornalista e editor da revista Debate Sindical, Altamiro Borges. Ele fala sobre fatos que podem desembocar uma crise de cunho militar na América Latina.
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Radioagência NP: O que está por trás do confronto explicitado nesse referendo?
Altamiro Borges: O confronto está relacionado com a vitória do Evo Morales em 2006. Desde aquela época, essa elite boliviana que reside nessa área do oriente do país, vem desferindo ataques violentos ao governo eleito democraticamente. É uma elite branca, racista e que não aceita a vitória de um líder camponês na Bolívia, depois de cinco séculos de dominação [desta mesma elite]. Desde o início ela está tentando desestabilizar o governo. Ela primeiro apostou todas as fichas na derrota da constituinte [Assembléia Constituinte da Bolívia que aprovou o projeto de reforma constitucional em 2007]. Ela tentou esvaziar a constituinte, não conseguiu. Agora procura dividir o país.
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RNP: Fale sobre os interesses americanos que parecem estar envolvidos nessa briga.
A.B: A elite boliviana não está sozinha, ela conta com apoio direto dos EUA. Esse embaixador que o George Bush enviou para a Bolívia, o Philip Goldenberg, foi quem dividiu os Bálcãs, dividiu a Iugoslávia, foi ele que encabeçou a chamada “Missão Kosovo” que tinha como meta dividir toda aquela região para favorecer os interesses do capital privado dos EUA. Esse homem é um perigo no sentido de estimular lutas étnicas e a divisão de países. Ele ajudou a implantar o Plano Colômbia, ajudou a depor o presidente Jean Bertrand Aristides no Haiti. Agora ele está dando todo apoio a esta mobilização separatista. Além disso, esta elite boliviana conta com apoio da mídia que está em plena campanha pela divisão do país.
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RNP: Quais outras vezes que a mídia se posicionou contra Evo Morales?
A.B: Esta mídia já tinha cumprido um papel detestável na campanha eleitoral que o Evo Morales ganhou em 2006. O [sociólogo brasileiro] Emir Sader fez um estudo mostrando que 80% das notícias veiculadas em rádio, televisão, jornais e revista eram contra ao Morales, e mesmo assim o povo o elegeu.
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RNP: Há o perigo de um confronto militar na Bolívia?
A.B: Essa oligarquia racista vem adotando uma posição de preparar uma guerra civil na Bolívia. Há notícias já confirmadas de contratação de mercenários. Uma empresa da Europa confirmou que 650 mercenários foram contratados. Há indicações no sentido de que há a participação dos paramilitares da Colômbia nesse processo. Ou seja, eles estão se preparando para dividir o país.
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RNP: Trata-se de um processo de tentar frear a ascensão de governos populares de cunho de esquerda na América Latina?
A.B: Isso faz parte da guerra infinita do Bush. O que eles [EUA] aplicaram no Iraque estão tentando aplicar na América Latina. Os EUA vão perdendo o controle, eles transplantam para a América Latina a chamada guerra infinita contra o eixo do mal. A ação da Colômbia ao invadir o Equador, inclusive orientada pelos EUA, fez parte disso. Era uma nítida provocação para ver se criava um clima de instabilidade na parte andina.
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RNP: O que cabe ao presidente Evo Morales fazer em um momento como esse?
A.B: A primeira atitude do governo Evo é defender a constituição, a institucionalidade democrática e a integridade territorial. Nisso ele conta inclusive com o apoio das Forças Armadas Bolivianas. Agora, evidentemente, para o Governo Evo e para os países da América do Sul, não interessa uma guerra étnica. É preciso procurar caminhos negociáveis também. O conflito armado só interessaria aos EUA e aos seus serviçais na América Latina.
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De São Paulo, da Radioagência NP, Juliano Domingues.
06/05/08
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retirado do link:
http://www.radioagencianp.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=4561&Itemid=43
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Também recomendamos:
http://lacholitaescribe.blogspot.com/
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