quinta-feira, 14 de agosto de 2008

...e a caserna responde!

Goya
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MST faz denúncias à ONU contra processo de criminalização
Para advogado que defende o MST, acusação de desrespeito à Lei de Segurança Nacional busca tipificar movimento como "organização criminosa" para reforçar posição de membros do Ministério Público Estadual do RS
Por Verena Glass
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O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e outras 12 entidades de defesa dos direitos humanos encaminharam duas denúncias à Organização das Nações Unidas (ONU) contra o que consideram uma campanha de criminalização do MST pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul. Protocolados na última segunda-feira (21), os documentos também desqualificam o processo de ordem política contra oito integrantes do movimento com base na Lei de Segurança Nacional (LSN). Os acusados devem ser ouvidos pela Justiça Federal na próxima terça-feira (29).
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Segundo os advogados do MST, as acusações se baseiam em quatro artigos da LSN: Art. 16 (Integrar ou manter associação, partido, comitê, entidade de classe ou grupamento que tenha por objetivo a mudança do regime vigente ou do Estado de Direito, por meios violentos ou com o emprego de grave ameaça), Art. 17 (Tentar mudar, com emprego de violência ou grave ameaça, a ordem, o regime vigente ou o Estado de Direito), Art. 20 (Devastar, saquear, extorquir, roubar, seqüestrar, manter em cárcere privado, incendiar, depredar, provocar explosão, praticar atentado pessoal ou atos de terrorismo, por inconformismo político ou para obtenção de fundos destinados à manutenção de organizações políticas clandestinas ou subversivas) e Art. 23 (Incitar à subversão da ordem política ou social; à animosidade entre as Forças Armadas ou entre estas e as classes sociais ou as instituições civis; à luta com violência entre as classes sociais; à prática de qualquer dos crimes previstos nesta Lei).
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A procuradora da República PATRÍCIA MUXFELDT, autora da denúncia - aceita pelo juiz federal Felipe Veit Leal em 11 de abril - acusa os oito integrantes de crimes como a prática de "depredação e explosão por inconformismo político" e "propaganda da luta entre as classes sociais" na fazenda Coqueiros - área reivindicada para reforma agrária pelo MST em Coqueiros do Sul (RS).
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À revelia dos réus e com a denuncia já acolhida, Patrícia Muxfeld, procuradora do Ministério Público Federal (MPF) em Carazinho (RS), solicitou que o processo tramitasse em segredo de justiça, o que, de acordo com os advogados, impede a divulgação e discussão públicas das acusações.
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Para Aton Fon, advogado dos acusados, o segredo de justiça é inadmissível e tem como objetivo evitar que as estratégias da campanha de criminalização do processo, que visa atingir o MST por meio de seus militantes, sejam de conhecimento público. O processo com base na Lei de Segurança Nacional, avalia Aton Fon, tem como intuito tipificar o MST como organização criminosa ou terrorista, tese defendida por membros do Ministério Público do Estado.
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[Breve pausa para um intervenção///Carmesin:
Tal estratégia fora largamente utilizada pelo poder militar/multinacional/latifundiário/burguês que instalou a ditadura militar no país com o golpe de 1964, ou seja, tipificar o opositor como forma de excluí-lo do jogo político ou social. Mais do que isso o episódio da criminalização do MST proporciona todos os ingredientes típicos das forças repressoras assessoradas por orgãos secretos de inteligencia (ler manifesto contra a criminalização do MST).
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Outra dado importantíssimo é que, ao que tudo indica, tal ação já tem total respaldo e apoio na instância federal de pelo menos um juiz. É meus caros, ele mesmo, senhor Gilmar Mendes, presidente do STF, protagonista de cenas bizarras no campo do direito. Mas não nos deteremos nisso, pois o que se pretende é rememorar o seu discurso de posse, após criticar a ocupação da reitoria na UNB por estudantes que se rebelaram contra as surrupiagens de seu reitor, o qual, engordou a sua conta bancária nos anos a frente desta universidade pública e a justiça na época não fez outra coisa senão criticar a ação dos estudantes publicamente. Não se deteria é claro o "ilustre". Sua língua ferina foi além e pôs se o presidente do STF a críticar o maior movimento social deste país, o MST: "Isso vale para qualquer movimento. Se for invasão de propriedade, destruição de bens, impedimento de afazeres de órgão públicos, já ultrapassou os limites que a Constituição estabelece". Em outras palavras, não só condenou o movimento que luta pela reforma agrária jamais realizada neste país entre outras pautas evidentemente, como, sobretudo, indicou qual ação seria tomada pela justiça viciada no gesto de produzir pareceres favoráveis as elites econômicas. Mais que isso deixa claro que neste país a propriedade vale mais do que o bem estar social, e que mais vale a coisa/mercadoria do que o ser humano, dado que atentados contra a primeira lesam a Constituição e à segunda, na sua fala, sequer merece menção. Sintetizando não vamos esquecer que em seu discurso de posse o juiz deu sugestivamente e não com pouco descaramento a senha para todas as elites econômicas que fazem a política no país de que teriam amplo apoio em seu tribunal caso essas movessem contra a sociedade organizada, na luta por conquistas sociais, ações criminais].
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Como consta no procedimento administrativo 16315-0900/07-9 do Conselho Superior do MP, relatado pelo procurador Gilberto Thums, o órgão afirmou que "cabe ao MP-RS agir agora: Quebrar a espinha dorsal do MST. O momento é histórico no país e se constitui no maior desafio já apresentado à instituição desde o pos-88: a defesa da democracia". "Para nós, está claro que a denúncia do MPF se baseia na estratégia do MP", diz Aton Fon.
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Mesmo recuando sobre acusações como a ligação do MST com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARCs) - a própria Polícia Federal (PF) negou qualquer ligação entre as organizações -, o procurador Gilberto Thums afirmou em várias entrevistas que o MP considera o MST uma organização que representa ameaça à soberania nacional por suas posições políticas.
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No procedimento administrativo relatado por ele, constam afirmações como a de que setores de inteligência "obtiveram informações da estratégia de atuação do movimento na região, que seria incentivada pelas FARC".
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"O arrojado plano estratégico do MST, sob orientação de operadores estrangeiros como as FARC, é adotar nesta rica produtiva região do nosso Estado o método de controle territorial branco tão lucrativamente adotado pelas FARC na Colômbia (...). Análises de nosso sistema de inteligência permitem supor que o MST esteja em plena fase executiva de um arrojado plano estratégico, formulado a partir de tal ´convênio´, que inclui o domínio de um território em que o governo manda nada ou quase nada e o MST e a Via Campesina tudo ou quase tudo", adiciona o procurador.
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Delírio
Para o jurista e professor aposentado da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), Fabio Konder Comparato, enquadrar os militantes do MST na Lei de Segurança Nacional é um delírio. Segundo o jurista, a "integridade territorial" tratada na LSN é bem mais ameaçada pela compra de terras por estrangeiros do que pelas lutas sociais, que visam o cumprimento da função social da terra, prevista na Constituição.
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De acordo com Fábio Konder Comparato, os ataques ao MST no Rio Grande do Sul são uma resposta do poder local às campanhas do movimento contra a venda de terras para plantio de eucalipto por papeleiras estrangeiras, como a sueco-finlandesa STORA ENZO [mais informações a este respeito: http://www.correiocidadania.com.br/content/view/539/9/], que já adquiriu grandes áreas nas faixas de fronteira (do Estado com países do Cone Sul), descumprindo restrições existentes na lei para a comercialização de áreas com essas características.
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[Carmesin: Será que são estes os patrões da procuradora que ao invés de trabalhar em prol da justiça emite acusações completamente parciais e comprometidas com o grande capital? Será? Ou melhor seria mais um indício de sequestro do poder político pelas elites econômicas? Quanto a última eu digo que sim. A primeira teria de ser apurada, dado que não somos um espaço como muitos que se multiplicam e que produzem acusações sem fundamento. De qualquer forma, é inevitável colocar em cheque a credibilidade da "senhora" procuradora Patrícia Muxfeld, dado que, por que não mover uma ação contra a própria Stora Enzo, atuante também no estado do Rio Grande do Sul, a qual, se utiliza da empresa Azenglever Agropecuária Ltda, "cuja totalidade do capital social... de pessoa física brasileira" é mera fachada, para que, a multinacional adquira áreas em faixas de fronteira sem passar pelo Conselho de Segurança Nacional. Para diluir a aparente incoerência vale dizer que a Azenglever Agropecuária Ltda pertence a estrutura da Derflin Agropecuária Ltda, de capital estrangeiro, e pertencente à Stora Enzo].
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Além das denúncias na ONU, a defesa do MST estuda entrar com um habeas corpus para travar o processo, o que, na prática, levaria à sua extinção.
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Para mais indícios desta verdadeira cruzada movida pelas forças mais retrógradas deste país, sugiro uma visita aos seguintes sítios:
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Manifesto contra a criminalização do MST: http://www.reporterbrasil.org.br/box.php?id_box=283
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Carmesin

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