Notas de quem vos escreve, retiradas do livro "Brasil Nunca mais!" e que reproduzem trechos de depoimentos de pessoas sequestradas e torturadas pelo regime ditatorial-militar em seus tenebrosos calabouços. São trágicos relatos que servem para dar uma dimensão do que o artigo publicado pela Brasil de Fato trata e que, por vezes, quando surgir a dúvida no leitor deste blog sobre o que significou este modelo de regime, não deixaremos de reproduzir outros.
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No entanto, se o caríssimo leitor tiver predileção por mais informações à respeito vale uma visita no seguinte link: http://www.dhnet.org.br/dados/projetos/dh/br/tnmais/index.html
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Por fim, vamos aos trechos:
Trecho da página 50
"O professor Luiz Andréa Favero, de 26 anor, preso em Foz do Iguaçu, declarou na Auditoria Militar de Curitiba, em 1970, o que ocorrera a sua esposa: (...) o interrogado ouviu os gritos de sua esposa e, ao pedir aos policiais que não a maltratassem, uma vez que a mesma se encontrava grávida, obteve como resposta uma risada; (...) que ainda neste mesmo dia, teve interrogando notícia de que sua esposa sofrera uma hemorragia, contatando-se posteriormente, que a mesma sofrera um aborto; (...)
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Também em 1970, em seu depoimento no Rio, a estudante REgina M. T. Farah, de 23, contou: (...) que molharam o seu corpo, aplicando consequentemente choques elétricos em todo o seu corpo, inclusive na vagina; que a declarante se achava operada de fissura anal, que provocou hemorragia; que se achava grávida, semelhantes sevícias lhe provocaram aborto"
"O professor Luiz Andréa Favero, de 26 anor, preso em Foz do Iguaçu, declarou na Auditoria Militar de Curitiba, em 1970, o que ocorrera a sua esposa: (...) o interrogado ouviu os gritos de sua esposa e, ao pedir aos policiais que não a maltratassem, uma vez que a mesma se encontrava grávida, obteve como resposta uma risada; (...) que ainda neste mesmo dia, teve interrogando notícia de que sua esposa sofrera uma hemorragia, contatando-se posteriormente, que a mesma sofrera um aborto; (...)
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Também em 1970, em seu depoimento no Rio, a estudante REgina M. T. Farah, de 23, contou: (...) que molharam o seu corpo, aplicando consequentemente choques elétricos em todo o seu corpo, inclusive na vagina; que a declarante se achava operada de fissura anal, que provocou hemorragia; que se achava grávida, semelhantes sevícias lhe provocaram aborto"
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Artigo retirado do espaço virtual da Brasil de Fato
Um fantasma ronda a caserna
por Michelle Amaral da Silva — Última modificação 06/08/2008 11:10
Contribuidores: Editorial ed. 284
por Michelle Amaral da Silva — Última modificação 06/08/2008 11:10
Contribuidores: Editorial ed. 284
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Se uma Audiência Pública e a defesa da punição de militares torturadores são capazes de abrir uma crise institucional, é por que estamos à beira do caos
06/08/2008
Editorial ed. 284
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“É que eles têm medo do dia de amanhã
Eles aconselham o dia de amanhã
Eles desde já querem ter guardado
todo o seu passado no dia de amanhã”
(Em volta da mesa – Caetano Veloso - 1967)
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Quem é o ministro da Defesa, senhor Nelson Jobim, com seu histórico de fraudador do texto da Constituição, para puxar orelhas de seus pares de Ministério? Por que a pressa em servir a meia dúzia de chefes militares, coadjuvados por coronéis de pijama, saudosistas da ditadura, quando brilhavam como co/mandantes e/ou executores em seus quartéis de torturas contra opositores da ditadura?
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Quando uma Audiência Pública em torno do tema “Limites e Possibilidades para a Responsabilização Jurídica dos Agentes Violadores de Direitos Humanos durante o Estado de Exceção no Brasil”, organizada pelo ministro dos Direitos Humanos, Paulo Vanucchi, e a defesa, pelo ministro da Justiça, Tarso Genro, da punição de militares que praticaram a tortura durante a ditadura pós 64 são capazes de abrir uma crise institucional, é por que estamos à beira do caos. Sobretudo se lembramos que, apesar de revelar um poder supra-Estado, o escândalo Daniel Dantas foi incapaz de provocar qualquer crise desse tipo, ou qualquer arrufo patrioteiro desses atores fardados.
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Quem quer sair bonito na foto?
Quando o leitor estiver folheando esta edição, na quinta-feira (7 de agosto), esses coronéis de pijama e alguns oficiais da ativa estarão reunidos na sede do Clube Militar, no Rio.
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Prometem projetar em telão biografias (à sua moda), fotos e documentos dos anos 1960-1970 dos membros do atual Governo que se puseram em armas contra o regime que muitos dos ali reunidos implantaram, dirigiram e que ainda defendem, e cujo saldo – além de uma inaudita concentração da riqueza e ampliação da miséria – foi o de mais de 400 opositores assassinados. Certamente não exibirão as fotos dos arquivos policiais e militares onde vários desses antigos militantes aparecem com rostos desfigurados em virtude das torturas. Ou seja, sequer em conta que nenhum dos seus biografados faz questão de sair bonito na foto.
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Intimidações prosseguem
Enquanto esses senhores que desonram nossas Forças Armadas (como se fossem estas e não alguns dos seus membros, responsáveis pelas barbaridades cometidas contra milhares de opositores – muitos dos quais também militares), estiverem reunidos, certamente a nossa repórter Tatiana Merlino estará recebendo mais uma ameaça anônima por telefone: Tatiana é sobrinha do jornalista Luiz Merlino, assassinado sob torturas em 1971, nas dependências do Doi-Codi (SP), e cuja família move processo de responsabilização do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, pelo assassinato do jornalista.
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Fichas dos “subversivos”
Na verdade, aqueles militares já começaram a divulgar os dossiês de membros do Governo. Logo após a Audiência organizada pelo ministro Vanucchi e a declaração do ministro Genro, a ficha sobre o passado político deste último foi enviada à imprensa, que a publicou. Perguntado a respeito, o ministro respondeu: “A minha [ficha] me orgulha”.
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Orgulham-nos também a ficha do ministro Genro, a do ministro Vanucchi, e as fichas de todos atuais ou ex-membros do Governo que lutaram, não importa por que meios, contra a ditadura – mesmo aqueles com os quais possamos ter divergências políticas.
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Também nos orgulhamos do marechal Henrique Dufles Teixeira Lott, e do marechal Cândido Mariano da Silva Rondon – apenas dois exemplos dos muitos militares que honraram as nossas Forças Armadas.
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O mesmo não podemos dizer do passado do senhor Jobim.
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Insustentáveis falácias
Tão insustentável quanto achar que tortura é crime político e/ou prescritível, ou que a expressão “crimes conexos” (na Lei de Anistia de 1979) significa anistiar também os torturadores e seus mandantes, é qualificar de “revanchismo”, a necessidade, para o aprofundamento da democracia, de apuração dos crimes cometidos contra os opositores do regime e, portanto, de responsabilizar, julgar e punir aqueles que os cometeram: não se tem notícia de qualquer entidade ou pessoa que tenha sugerido “seqüestrar”, manter em cárcere clandestino, torturar, assassinar ou “desaparecer” com qualquer dos criminosos que forem identificados. Isto, sim, seria “revanche”. O que se propõe é que sejam julgados, com todo o direito de defesa e demais direitos que lhes confira a lei. Maior falácia (cinismo) é pretender que, caso isto venha a acontecer, os opositores do regime sejam também julgados e punidos. A resposta a tanta ignomínia cabe em uma curta pergunta: Outra vez?
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Considerações finais
Os reunidos no Clube Militar são os mesmos que lutam pela criminalização dos movimentos populares. Os mesmos que, juntamente com o “alerta” que dão sobre a forte presença de “ex-terroristas” no atual Governo, e sobre supostos contatos deste com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), tentam criminalizar o próprio Governo. O objetivo é simples: pressioná-lo para barganhar novos cargos – como o fizeram (sempre com o apoio da grande mídia comercial) para emplacar o senhor Jobim na pasta da Defesa.
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Aliás, quem cunhou a expressão “terroristas” para designar os que combateram com armas a ditadura, foi essa mesma mídia – no caso, o Jornal do Brasil. Lamentavelmente os jornalistas do Observatório da Imprensa não poderão nos ajudar a investigar essa questão: não se deve falar de corda em casa de enforcado.
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Quanto às declarações apressadas e levianas dos deputados federais (PT-SP) Cândido Vacarezza e Jilmar Tato, de censura ao ministro Genro, atribuindo a atitude deste a uma suposta intenção de acúmulo político visando candidatura à Presidência em 2010, os deixa em situação delicada: não estariam os deputados alavancando, assim, a potencial candidatura do ministro Jobim, o Fraudador, para a substituição do atual presidente e, ao mesmo tempo, se cacifando para cargos futuros?
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Ora, os muitos movimentos do senhor Jobim demonstram claramente que se prepara para postular o cargo. Um tertius de última hora.
Se uma Audiência Pública e a defesa da punição de militares torturadores são capazes de abrir uma crise institucional, é por que estamos à beira do caos
06/08/2008
Editorial ed. 284
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“É que eles têm medo do dia de amanhã
Eles aconselham o dia de amanhã
Eles desde já querem ter guardado
todo o seu passado no dia de amanhã”
(Em volta da mesa – Caetano Veloso - 1967)
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Quem é o ministro da Defesa, senhor Nelson Jobim, com seu histórico de fraudador do texto da Constituição, para puxar orelhas de seus pares de Ministério? Por que a pressa em servir a meia dúzia de chefes militares, coadjuvados por coronéis de pijama, saudosistas da ditadura, quando brilhavam como co/mandantes e/ou executores em seus quartéis de torturas contra opositores da ditadura?
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Quando uma Audiência Pública em torno do tema “Limites e Possibilidades para a Responsabilização Jurídica dos Agentes Violadores de Direitos Humanos durante o Estado de Exceção no Brasil”, organizada pelo ministro dos Direitos Humanos, Paulo Vanucchi, e a defesa, pelo ministro da Justiça, Tarso Genro, da punição de militares que praticaram a tortura durante a ditadura pós 64 são capazes de abrir uma crise institucional, é por que estamos à beira do caos. Sobretudo se lembramos que, apesar de revelar um poder supra-Estado, o escândalo Daniel Dantas foi incapaz de provocar qualquer crise desse tipo, ou qualquer arrufo patrioteiro desses atores fardados.
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Quem quer sair bonito na foto?
Quando o leitor estiver folheando esta edição, na quinta-feira (7 de agosto), esses coronéis de pijama e alguns oficiais da ativa estarão reunidos na sede do Clube Militar, no Rio.
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Prometem projetar em telão biografias (à sua moda), fotos e documentos dos anos 1960-1970 dos membros do atual Governo que se puseram em armas contra o regime que muitos dos ali reunidos implantaram, dirigiram e que ainda defendem, e cujo saldo – além de uma inaudita concentração da riqueza e ampliação da miséria – foi o de mais de 400 opositores assassinados. Certamente não exibirão as fotos dos arquivos policiais e militares onde vários desses antigos militantes aparecem com rostos desfigurados em virtude das torturas. Ou seja, sequer em conta que nenhum dos seus biografados faz questão de sair bonito na foto.
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Intimidações prosseguem
Enquanto esses senhores que desonram nossas Forças Armadas (como se fossem estas e não alguns dos seus membros, responsáveis pelas barbaridades cometidas contra milhares de opositores – muitos dos quais também militares), estiverem reunidos, certamente a nossa repórter Tatiana Merlino estará recebendo mais uma ameaça anônima por telefone: Tatiana é sobrinha do jornalista Luiz Merlino, assassinado sob torturas em 1971, nas dependências do Doi-Codi (SP), e cuja família move processo de responsabilização do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, pelo assassinato do jornalista.
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Fichas dos “subversivos”
Na verdade, aqueles militares já começaram a divulgar os dossiês de membros do Governo. Logo após a Audiência organizada pelo ministro Vanucchi e a declaração do ministro Genro, a ficha sobre o passado político deste último foi enviada à imprensa, que a publicou. Perguntado a respeito, o ministro respondeu: “A minha [ficha] me orgulha”.
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Orgulham-nos também a ficha do ministro Genro, a do ministro Vanucchi, e as fichas de todos atuais ou ex-membros do Governo que lutaram, não importa por que meios, contra a ditadura – mesmo aqueles com os quais possamos ter divergências políticas.
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Também nos orgulhamos do marechal Henrique Dufles Teixeira Lott, e do marechal Cândido Mariano da Silva Rondon – apenas dois exemplos dos muitos militares que honraram as nossas Forças Armadas.
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O mesmo não podemos dizer do passado do senhor Jobim.
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Insustentáveis falácias
Tão insustentável quanto achar que tortura é crime político e/ou prescritível, ou que a expressão “crimes conexos” (na Lei de Anistia de 1979) significa anistiar também os torturadores e seus mandantes, é qualificar de “revanchismo”, a necessidade, para o aprofundamento da democracia, de apuração dos crimes cometidos contra os opositores do regime e, portanto, de responsabilizar, julgar e punir aqueles que os cometeram: não se tem notícia de qualquer entidade ou pessoa que tenha sugerido “seqüestrar”, manter em cárcere clandestino, torturar, assassinar ou “desaparecer” com qualquer dos criminosos que forem identificados. Isto, sim, seria “revanche”. O que se propõe é que sejam julgados, com todo o direito de defesa e demais direitos que lhes confira a lei. Maior falácia (cinismo) é pretender que, caso isto venha a acontecer, os opositores do regime sejam também julgados e punidos. A resposta a tanta ignomínia cabe em uma curta pergunta: Outra vez?
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Considerações finais
Os reunidos no Clube Militar são os mesmos que lutam pela criminalização dos movimentos populares. Os mesmos que, juntamente com o “alerta” que dão sobre a forte presença de “ex-terroristas” no atual Governo, e sobre supostos contatos deste com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), tentam criminalizar o próprio Governo. O objetivo é simples: pressioná-lo para barganhar novos cargos – como o fizeram (sempre com o apoio da grande mídia comercial) para emplacar o senhor Jobim na pasta da Defesa.
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Aliás, quem cunhou a expressão “terroristas” para designar os que combateram com armas a ditadura, foi essa mesma mídia – no caso, o Jornal do Brasil. Lamentavelmente os jornalistas do Observatório da Imprensa não poderão nos ajudar a investigar essa questão: não se deve falar de corda em casa de enforcado.
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Quanto às declarações apressadas e levianas dos deputados federais (PT-SP) Cândido Vacarezza e Jilmar Tato, de censura ao ministro Genro, atribuindo a atitude deste a uma suposta intenção de acúmulo político visando candidatura à Presidência em 2010, os deixa em situação delicada: não estariam os deputados alavancando, assim, a potencial candidatura do ministro Jobim, o Fraudador, para a substituição do atual presidente e, ao mesmo tempo, se cacifando para cargos futuros?
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Ora, os muitos movimentos do senhor Jobim demonstram claramente que se prepara para postular o cargo. Um tertius de última hora.
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