sexta-feira, 21 de março de 2008

TRANSGÊNICO: NÃO VAI MATAR DE FOME, MAS DE CÂNCER AHHH SE VAI

O TRANSGÊNICO NÃO VAI MATAR A FOME. VAI MATAR DE CANCÊR, MAS O DISCURSO É OUTRO.
O DISCURSO OU A FALÁCIA:

I
Monsanto à Radioagência NP por meio de sua assessoria de imprensa
“a biotecnologia preza a agricultura sustentável na medida em que desenvolve tecnologias que buscam causar o menor impacto possível ao meio ambiente, redução do uso de inseticidas”
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Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB/organização sem fins lucrativos [Ahhh hã] formada por empresas da biotecnologia) à Radioagência NP. A diretora-executiva do Conselho da CIB, Alda Lerayer diz-nos:
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"Há uma vantagem na redução de custos de produção para o agricultor, porque ele usa menos agroquímicos, ele vai menos ao campo, usa menos o trator, conseqüentemente usa menos combustível com o trator. E é uma tecnologia mais limpa para o meio ambiente justamente porque você reduz a emissão de gases, reduz a quantidade de produto químico e também o risco de contaminação dos agricultores, dos trabalhadores rurais”.
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Como irão notar o texto encaminhado a Radioagência NP sequer faz menção ao consumo humano e aos impactos disso a saúde humana. Bem, isso pode representar a despreocupação das megacorporações para com a vida humana e noutro ponto a paranóia com o lucro. Ou ainda, pode representar uma reportagem parcialmente reproduzida pela Radioagência NP. De uma forma ou de outra, é certo que toda vez que a indústria do transgênico é inquirida sobre os malefícios que ocasionam ou podem vir a ocasionar a saúde humana, desconversam com uma arrogante ironia quase em tom de deboche. Notem o posicionamento oficial de uma porta-voz da Monsanto, de 05 de 2005, em resposta a crítica de estudiosos sobre o próprio relatório da multinacional que constatava danos a saúde de ratos que foram alimentados por 90 dias com milho transgênico MON 863:
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“Se algum desses conhecidos críticos antibiotecnologia tinha dúvidas sobre a credibilidade desses estudos, elas deveriam ter sido apontadas aos [órgãos] reguladores. Afinal, o MON 863 não é novo, e já foi aprovado como tão seguro quanto o milho convencional por nove outras autoridades globais desde 2003”
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Notem que a porta-voz desresponsabiliza a Monsanto. Mais grave do que isso é nas entrelinhas que se observa à arrogância e o tom de despreocupação da multinacional com a vida humana. Como foi dito a porta-voz tira qualquer responsabilidade da Monsanto, certo? E como ela faz isso? Jogando a responsabilidade em cima dos “críticos” da “antibiotecnologia”. Esses sujeitos, os “críticos [da] antibiotecnologia” são pesquisadores sérios e amplamente comprometidos com a preservação saudável da vida humana, mas ao ver da Monsanto devem ser apontados como os responsáveis por qualquer efeito que o lixo industrial que produz venha a causar a saúde humana, pois segundo a porta-voz da multinacional cabe aos cientistas “críticos [da] antibiotecnologia” apontar a prejudicidade de lixo industrial que outros produzem para depois apontarem para os “órgãos reguladores”. Trocando em miúdos é como se alguém vendesse veneno em garrafa de refrigerante e depois da morte de muitos sujeitos a empresa fabricante dissesse: “-A culpa é de quem não pesquisou o nosso refrigerante e não disse que ele é venenoso para as instituições fiscalizadoras”. Em suma, o que há é a isenção da responsabilidade daqueles que produzem sobre os danos que o seu produto venha a causar a saúde humana.
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II
Nota-se também no excerto que os órgãos reguladores tem um papel de destaque e este não é só textual, mas, sobretudo outro pilar fundamental dentro da estratégia das multinacionais da transgenia. Cooptados, esses órgãos estatais, acabam servindo ao aparato argumentativo das multinacionais do transgênico conferindo-lhe credibilidade e possibilitando, por conseguinte, que cavem junto a outros governos espaço para injetarem seu lixo industrial na cultura agrícola e alimentar de países que até então vinham mantendo resistência a incursão dos mesmos. Vale rememorar matéria publicada na revista Caros Amigos em outubro de 2001:
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Verga Glass – Como você explica que a CTNBio seja tão abertamente a favor da soja da Monsanto? Você acha que gente desses órgãos recebe propina?
David Hathaway – A CTNBio tem 18 membros titulares e 18 suplentes. O único titular e seu suplente que não são nomeados pelo ministro da Ciência e Tecnologia são os que representam o setor privado, e até pouco tempo eram representantes de duas multinacionais.
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Jean Marc von Der Weid – Documentado no Brasil não tem, mas você podia contar a história de como foi aprovada a soja transgênica nos Estados Unidos pela FDA (Food and Drug Administration), isso não é folclore.
David Hathaway
– Mas não é só a soja. No início dos anos 80, quando a Monsanto estava lançando o Glifosato e conseguindo o registro para esse herbicida nos Estados Unidos, ela falsificou quase todos os testes toxicológicos que passaram pelo órgão que registra os agrotóxicos, o EPA (Agência de Proteção Ambiental), nos Estados Unidos se chama ‘porta giratória’, eles ficam passando para lá e para cá. Mas parece que a coisa foi tão fraudulenta, com modificações nos próprios registros, nos cadernos de laboratório e tal, que a EPA, lá por 1984/1985, obrigou a Monsanto a fazer de novo todos os exames, só então aprovou o Glifosato. Agora, esse tipo de relação antecede a coisa dos transgênicos. Para o registro de transgênicos nos EU, para a aprovação, no início dos anos 90, a Monsanto ‘cedeu gentilmente’ assessores e pessoas que foram trocando de emprego, passando da Monsanto para o serviço público tanto na FDA como na EPA, para nortear todos os trabalhos de biossegurança etc. dos OGMs – pessoas essas que mais tarde iriam trabalhar ou voltariam a trabalhar para a Monsanto, e assim tem sido constantemente”

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Em suma, para confirmar a paridade do caso estadunidense necessitaríamos investigar nomes e histórias no caso brasileiro. Tal competência esta fora da alçada deste humilde chateador. No entanto, podemos afirmar que o caso brasileiro é similar ao estadunidense, pois como explicar que os nossos órgãos reguladores (CTNBio, CNBS), que deveriam privar pela vida e bem-estar de toda sociedade brasileira, dão parecer favorável a plantação e comércio de tal categoria de lixo industrial mediante a recusa de um sem números de relatório que serviam ao argumento da precaução e do veto?
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Sem arriscar um pio vou encerrar esta cessão com outra reprodução de artigo publicado no site da Radioagência NP, cujo título é Stephanes, o militante do agronegócio:
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“O ministro da Agricultura Reinhold Stephanes [iniciou a sua carreira política na ARENA, passou pelo PFL e hoje está no PMDB. Ocupou cargos de primeiro escalão no período da ditadura. Foi ministro da Previdência do ex- Presidente da República Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e hoje é ministro da Agricultura de Lula], tem se demonstrando um verdadeiro militante do agronegócio. Age como lobista dos pecuaristas, produtores de cana, fazendeiros, sojeiros e empresas da área da biotecnologia. Utiliza-se da função de ministro de Estado para defender com unhas e dentes os interesses do grande capital rural. Ao menos três fatos evidenciam a militância do ministro em prol do agronegócio.
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O primeiro deles, foi a sua escancarada atuação para aprovar o milho transgênico da multinacional Monsanto e da Bayer. Stephanes representa o ministério da Agricultura no Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS), órgão vinculado à Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). A estratégia do agronegócio foi formulada pelo ministro dias antes da aprovação ao dizer que o milho ia pelo mesmo caminho das variedades de soja e algodão geneticamente modificadas cuja comercialização é autorizada do país. Segundo ele, "elas foram liberadas apenas depois de constatado o cultivo ilegal". A 'senha' do ministro foi clara, 'plante-se ilegalmente que depois o governo aprova'. Foi o que aconteceu”

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